“À PROCURA DA VINGANÇA” É UM ÓTIMO WESTERN REALIZADO POR ESTREANTES

Belíssimas paisagens montanhosas emolduram uma sangrenta caçada humana. O espectador é lançado no meio da ação sem nenhuma informação prévia. Vemos um homem solitário recebendo um tiro disparado por um bando a cavalo. Não há – no momento – maneira alguma de se identificar época, nem lugar. Talvez Estados Unidos, talvez Canadá, talvez no Velho Oeste. Não importa. Nossa condição humana imediatamente nos coloca ao lado do ferido solitário, perseguido de forma tão covarde por um grupo de homens armados. As primeiras cenas acompanham esta desesperada, silenciosa e desigual luta pela vida.

Lentamente, o bom roteiro de David Von Ancken e Abby Everett Jaques, estreantes como roteiristas de cinema, vai desvendando as histórias e as personalidades dos homens que fazem parte desta cruel perseguição. E aos poucos o espectador percebe que se deixou enganar por uma primeira imagem… ou não?

Melhor ainda que o roteiro é a direção de David Von Ancken, nesta sua primeira incursão como diretor na tela grande. Vindo da televisão, ele já dirigiu episódios de CSI, Cold Case e outros seriados, mas “À Procura da Vingança” é verdadeiramente sua estréia cinematográfica. Das mais promissoras, diga-se.
Com sobriedade e bom ritmo, o filme constrói um pequeno painel sobre a intolerância humana, rancores represados e – principalmente – sobre a estupidez e inutilidade de todas as guerras. Sejam elas entre nações ou entre indivíduos. O bom elenco também ajuda, encabeçado por Pierce Brosnan (assumindo o charme, as rugas e os pneuzinhos de seus quase 55 anos) e Liam Neeson. Dois irlandeses vivendo uma história que – revela-se depois – tem suas raízes profundamente fincadas no ódio gerado por um episódio marcante da história dos EUA. Uma participação especial de Anjelica Huston homenageia de forma ampla todo o gênero western, que teve entre seus principais realizadores o grande John Huston, pai da atriz.

Envolvente e bem realizado, “À Procura da Vingança” teve uma péssima repercussão de bilheteria nos EUA, o que prova mais uma vez que sucesso e qualidade não são conceitos comparáveis.