“A PROFESSORA DE PIANO” CHEGA À PLATAFORMA RESERVA IMOVISION.
Por Celso Sabadin.
Quem viu Violência Gratuita e Código Desconhecido já sabe o que esperar do diretor Michael Haneke: um estilo cruelmente frio, direto, sem subterfúgios cinematográficos. Invariavelmente, um soco no estômago. A fórmula se repete com sucesso no drama A Professora de Piano, filme vencedor de três prêmios importantes no festival de Cannes: melhor atriz para Isabelle Hupert (de Madame Bovary e Separação), melhor ator para Benoît Magimel (de O Ódio), e Prêmio Especial do Júri.
Isabelle vive Erika, a professor do título, que divide o apartamento com sua possessiva mãe (a veterana Annie Girardot, de Rocco e Seus Irmãos). Entre elas reina um forte clima de tensão violenta, que não raramente explode em desrespeito e autoritarismo. Durante um recital, Erica conhece o jovem Walter (Magimel), que passa a assediar a balzaquiana pianista. Tal assédio desperta na professora uma fúria de sentimentos represados. Uma perturbada mistura de amor e ódio que se manifesta das maneiras mais inesperadas e incoerentes. Ao mesmo tempo contida e exuberante, Isabelle está perfeita no papel. Sua atuação convincente é uma das principais forças principais do filme, que se equilibra perigosamente sobre a fina linha que divide o trágico do inacreditável.
As frustrações que se transformam em atos de violento inconformismo deixam a platéia num clima de constante tensão. Para isso, Haneke segura a narrativa com mão de ferro, não deixa a ação descambar para a violência fácil, ao mesmo tempo em que prende nas gargantas de seus personagens principais um grito sufocado que parece impossível de ser expelido. Este é o clima de A Professora de Piano. Um cruel exercício de sensações sufocadas, num filme que não faz nenhuma questão de ser facilmente consumido.
A Professora de Piano (La Pianiste ou Klavierspielerin). Áustria. França, 2001. Direção de Michael Haneke. Com Isabelle Hupert, Annie Girardot, Benoit Magimel. Lançamento de dezembro em https://reservaimovision.com.br

