A QUADRILHA ROMÂNTICA DE “A GAROTA E A ARANHA”.

Por Celso Sabadin.

Poucas situações são tão caóticas quanto as provocadas por uma mudança de casa. Caixas pra lá e pra cá, pessoas entrando e saindo, tintas, furadeiras, parafusadeiras, vizinhos, gatos e cachorros entrando e saindo, subindo e descendo.

Em “A Garota e a Aranha”, os gêmeos suíços roteiristas e diretores Ramon e Silvan Zürcher utilizam este micro universo de desorientação como pano de fundo para outra desordem das mais presentes na vida humana: a dos sentimentos.

Em meio a armários e prateleiras, Lisa (Liliane Amuat) está se mudando para um novo apartamento, o que implica em se separar de Mara (Henriette Confurius), que por sua vez atrai a atenção de Jan (Flurin Giger), um dos rapazes da transportadora, que se envolve com a vizinha do andar debaixo… e por aí vai, lembrando aquele poema “Quadrilha”, de Drummond.

Tudo com um delicioso frescor quase juvenil – o que, de forma alguma, significa superficialidade – e uma profusão de cores que faz de “A Garota e Aranha” um bem-vindo ponto fora da curva nesta Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, historicamente povoada por temáticas e estéticas tão densas.

Vencedor do Prêmio da Crítica e de melhor direção na seção Encontros do Festival de Berlim, “A Garota e a Aranha” está na programação da 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em cartaz até 3 de novembro. Saiba mais em https://45.mostra.org