“A RIVIERA NÃO É AQUI”: MEGA SUCESSO FRANCÊS CHEGA AO BRASIL.

Quem curte comédias românticas, mas anda meio cansado do jeitão ingênuo e convencional dos filmes americanos, pode tentar mudar o cardápio e assistir “A Riviera Não é Aqui”, uma comédia romântica com jeitão ingênuo e convencional dos filmes franceses. Bom, pelo menos não tem cena do Central Park e da Ponte do Brooklyn no filme.

O protagonista é Philippe (o argelino Kad Merad), funcionário dos correios franceses que faz de tudo para ser transferido para qualquer uma das belas cidades da ensolarada região da Riviera. Numa de suas tentativas, porém, o sujeito vai longe demais: arma uma fraude, é descoberto, e como punição acaba sendo enviado para uma cidadezinha no norte do país, região teoricamente famosa pelo seu frio intenso e por sua população rudemente caipira.

De formas diferentes, você já viu este filme antes: o humor calcado sobre o choque cultural, sobre as diferenças de comportamentos que faltamente acontecem entre grupos sociais distintos, mas cujo atrito acaba provocando um ”aparar de arestas”, um polimento social onde prevalecem a mensagem de tolerância e o final feliz. Afinal, é uma comédia romântica de puro entretenimento.

“A Riviera Não é Aqui” começa incrivelmente ruim. Interpretações exageradas, personagens histriônicos, planos e contra-planos da maior primariedade possível. O espectador mais impaciente sairia da sala antes dos primeiros 15 minutos de filme. O espectador mais persistente, porém, será recompensado: também de maneira incrível, o filme melhora de repente, como se tivesse sido entregue para um outro diretor no meio do processo. Torna-se mais agradável, menos histérico, acerta no ritmo, e chega a brindar o público com dois ou três momentos mais inspirados. Não chega a se tornar nenhuma maravilha, mas aos poucos vai se constituindo numa diversão bem vinda, descompromissada, capaz de no decorrer de sua narrativa construir personagens de grande empatia.

O diretor e um dos roteiristas é Danny Boom, mais conhecido na França como ator, e que aqui vive o papel de Bailleul, o rapaz dominado pela mãe.

Certamente o humor de “A Riviera Não é Aqui” traz piadas e situações cômicas muito mais compreensíveis e muito mais divertidas para o público francês. Só isso é capaz de explicar o incrível sucesso que o filme fez em seu país de origem, onde levou mais de 20 milhões de pessoas aos cinemas, além de ter sido indicado ao prêmio de Melhor Roteiro Original no César.

Para nós, brasileiros, nem sempre familiarizados com as peculiaridades do humor francês, resta uma comédia simpática, com belas paisagens francesas e um punhado de personagens carismáticos. Não é pouco.

Ah, claro, uma continuação já está prometida para este ano.