A SAGA DE “NAHID – AMOR E LIBERDADE” NUM IRÃ MACHISTA.  

Por Celso Sabadin.

Se para uma mulher divorciada, com um filho adolescente rebelde e um ex-marido viciado, ganhar a vida e administrar os problemas do dia-a-dia já é tarefa das mais árduas em qualquer canto do mundo, imagine então num país de forte tradição machista. Este é o mote de “Nahid – Amor e Liberdade”, vencedor do Prêmio do Futuro, na mostra Un Certain Régard, em Cannes.

A produção foi realizada no Irã, país cuja lei manda que, em casos de separação, a guarda do filho seja entregue ao pai. No caso do filme, porém, como o pai (Navid Mohammadzadeh ) tenta se reabilitar das drogas, quem tem a guarda do garoto Amir Reza (Milad Hossein Pour) é a própria Nahid (Sareh Bayat). A vida da protagonista é uma verdadeira gincana: leva o filho nas aulas da escola e do curso que inglês (que ele faz questão de cabular), trabalha freneticamente como digitadora (o que lhe rende uma lesão na mão) e ainda é obrigada a contar com a ajuda da vizinha para entrar no próprio apartamento que aluga, bloqueado pelo proprietário por falta de pagamento. A solução de Nahid pode estar nas mãos de Masoud (Pejman Bazeghi), um homem rico e apaixonado, mas um tanto grosseiro, que lhe promete uma vida de rainha, em troca de casamento. As leis do Irã, porém, não são fáceis para mulheres divorciadas, e a própria Nahid se questiona se o caminho para superar as dificuldades de uma sociedade machista estaria nas mãos de outro homem.

“Nahid – Amor e Liberdade” faz parte daquela linha de “cinema iraniano que não parece iraniano”, ou seja, que busca um pouco mais a estética ocidental e aproxima sua temática dos problemas contemporâneos urbanos, evitando as tendências do filme iraniano artístico, mais reflexivo, intimista, invariavelmente repleto de crianças, desertos e com títulos de uma palavra só.

Trata-se do segundo longa da diretora e roteirista Ida Panahandeh, após “The Story of Davood and the Dove”, de 2011, que não chegou a ser exibido comercialmente no Brasil. O filme também ganhou o prêmio para jovens diretores no Festival de Chicago e foi selecionado para várias competições cinematográficas internacionais.

Estreia no Brasil em 28 de julho.