A SENSIBILIDADE CONFLITUOSA DE “QUERIDA MAMÃE”.

Por Celso Sabadin.

O diretor Jeremias Moreira Filho é geralmente associado a sucessos populares de temática rural, como “Mágoa de Boadeiro”, “Fuscão Preto” e as duas versões de “O Menino da Porteira” (1976 e 2009). Assim, chama ainda mais atenção o alto grau de sensibilidade que o cineasta destilou em seu novo filme “Querida Mamãe”, um drama urbano de alma feminina.

A partir da peça homônima que Maria Adelaide do Amaral escreveu em 1994, o roteiro de Jaqueline Vargas se centraliza no conflito congênito e aparentemente incurável incubado durante décadas entre Heloísa (Letícia Sabatella), uma médica frustrada com o casamento e a profissão, e sua mãe (Selma Egrei, ótima), uma mulher de rígida formação conservadora.

Quanto mais o universo de Heloísa se torna insustentável, mais ela tomará atitudes que, por caminhos tangenciais, a levarão ao inevitável confronto com a mãe, na busca da resolução de questões há muito entaladas em sua garganta. E no seu coração. Explodem emoções represadas, preconceitos até então inconfessáveis, e a necessidade da procura de novos caminhos que poderão – ou não – se mostrar bem sucedidos. Mas que terão de ser trilhados, sob a pena da perpetuação da frustração.

A ótima escolha das músicas para a trilha sonora é eficiente na condução da trama, e além de Sabatella e Egrei, o elenco ainda conta com dois nomes de destaque e talento: Claudia Missura e Marat Descartes. O longa “conversa” (para usar o termo da modinha) com o também ótimo “Como Nossos Pais”, ambos abordando com força e sensibilidade os complicados conflitos das relações mãe/filha.

“Querida Mamãe” estreia em 17 de maio.