A SOBRIEDADE DAS DORES SILENCIOSAS DE “AVENIDA BEIRA-MAR”.
Por Celso Sabadin.
Mudanças, transformações e descobertas formam a estrutura que comanda o belo drama “Avenida Beira-Mar”, em cartaz em cinemas desde a última quinta-feira, 21/11.
Em tom intimista, o longa acompanha a mudança da adolescente Rebecca (Milena Pinheiro) e sua mãe (Andrea Beltrão) para uma casa à beira da praia numa cidadezinha qualquer do litoral brasileiro. Envolta em sua própria solidão, Rebecca conhece a também adolescente Mika (Milena Gerassi), uma personalidade forte que a vizinhança conservadora prefere evitar.
São estas poucas personagens que – de maneira firme e sem pressa – vão compor o painel das tensões entre liberdade e intolerância que assola tanto a pequena cidade do litoral como o país como um todo. É a tal história da aldeia universal.
O filme chama a atenção pela firmeza e sensibilidade da direção da dupla Maju de Paiva e Bernardo Florim, ambos aqui estreando no longa metragem. A dupla também assina o roteiro, enxuto e eficiente.
Não por acaso, “Avenida Beira-Mar” tem colecionado prêmios e indicações em festivais nacionais e internacionais, incluindo Menção Honrosa na recente 32ª edição do Festival Mix Brasil.
Com a sobriedade de quem conhece a força de seu próprio discurso, “Avenida Beira-Mar” ainda apresenta soberbas interpretações de seu elenco principal no qual, como já é de costume, Andréa Beltrão arrasa.
Quem dirige
Maju de Paiva é diretora dos curtas metragens Pequenos Animais Sem Dono (2016) e Cravo, Lírio e Rosa (2018). Seu primeiro longa-metragem, Avenida Beira-Mar, estreou no Festival de Cinema de Guadalajara e recebeu prêmio de Melhor Direção.
Bernardo Florim é roteirista dos documentários Missão 115, Euclydes, e Nelson Pereira dos Santos: Vida de Cinema.