A SORDIDEZ DA IGNORÂNCIA NO PERTURBADOR “AS BESTAS”.

Por Celso Sabadin.

Fazendo jus ao seu título, raras vezes a estupidez e a mesquinhez humanas são retratadas com tanta pujança como em “As Bestas”.

Denis Ménochet e Marina Foïs interpretam Antoine e Olga, um casal francês que com muito esforço e planejamento tocam sozinhos uma pequena propriedade rural em algum lugar perdido pelo interior da Galícia. Toscos, os vizinhos nativos destilam o que há de mais sórdido e grotesco em cima do casal, tentando desalojá-los.
Talvez somente por serem estrangeiros, ou simplesmente por representarem algum tipo de evolução dentro de um ambiente dos mais primitivos, o fato é que Antoine e Olga serão brutalmente perseguidos por tentarem viver dignamente nas proximidades de quem só conhece a barbárie.

Com roteiro de Isabel Peña e do próprio diretor do filme, Rodrigo Sorogoyen, “As Bestas” exala um intenso clima de suspense dramático, emoldurado por fotografia e direção de arte que conseguem a construção de uma atmosfera densa e claustrofóbica, mesmo numa ambientação rural. A potencialização da intolerância e da selvageria ganha contornos ainda maiores que se fica sabendo que a trama é baseada em um caso real, que inclusive pode ser visto do documentário “Santoalla”, de 2016.

Personagens vividos por intérpretes sem experiência de atuação ajudam a multiplicar a intensa veracidade do filme. Entre eles, Mercedes Samprón Pérez (como Aurora), José Antonio Fernández (Paulino) e José Manuel Fernández Blanco (vivendo Pepiño).

Coproduzido por França e Espanha, “As Bestas” coleciona mais de 50 premiações nacionais e internacionais, incluindo o César de melhor filme estrangeiro, e os Goya (a láurea mais importante da Espanha) de filme e direção.

A estreia é nesta quinta-feira, 25/01, em cinemas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Porto Alegre, Recife, Ribeirão Preto e Salvador.