“A TRINCHEIRA INFINITA” CONTRA OS IDIOTAS RAIVOSOS.

Por Celso Sabadin.

“Nada pior que um idiota raivoso”. A frase, dita por um personagem combatente da Guerra Civil Espanhola, nos anos 1930, já dá o tom de “A Trincheira Infinita”, contundente drama bélico-intimista coproduzido por Espanha, França e Canadá.

Nos primeiros momentos do conflito, em 1936, Higinio (Antonio de la Torre) é denunciado pelo próprio vizinho, o “idiota raivoso”, às forças fascistas de Francisco Franco. Para fugir, ele se entoca num porão improvisado cavado dentro de sua própria casa. Começa neste instante um martírio impensável de medo e isolamento, de luta quase solitária pela sobrevivência diante de uma realidade hostil, intolerante e assassina.

Intenso, “A Trincheira Infinita” se reveste de pelo menos dois níveis de triste atualidade que sintonizam diretamente o filme à nossa contemporaneidade: o primeiro – menos recente – se relaciona diretamente à retomada do poder político mundial por parte dos “idiotas raivosos” espalhados por diversos países, incluindo o nosso. O segundo – certamente involuntário e ironicamente atual – se remente ao isolamento social compulsório nestes tempos de pandemia.

O longa é dirigido a seis mãos por Aitor Arregi, Jon Garaño e Jose Mari Goenaga, com roteiro de Luiso Berdejo (da festejada série de filme “[Rec]”) e do próprio Goenaga.

“A Trincheira Infinita” vem colecionado dezenas e prêmios e indicações em diversas competições e festivais, incluindo os Goya de atriz (Belén Cuesta, de “Kiki: Os Segredos do Desejo”, ótima) e som.

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