A TURMA DAS MÔNICA NUMA DE SUAS MELHORES AVENTURAS

Confesso que fiquei muito desconfiado ao saber que o novo desenho animado da Turma da Mônica havia sido produzido por Diler Trindade. Sem entrar muito no mérito da questão, Diler pode ser um produtor cinematográfico extremamente bem sucedido comercialmente, mas não é conhecido exatamente pela sua veia artística. Felizmente, minhas desconfianças estavam sem fundamento: “Turma da Mônica – Uma Aventura no Tempo“ é um desenho que tem tudo para fazer uma bela carreira comercial nos cinemas, sem abrir mão do conteúdo e da qualidade que sempre caracterizaram a obra de Maurício de Sousa. E mais: tecnicamente, trata-se de um dos melhores trabalhos já “protagonizados” por Cebolinha e Cia.
Felizmente, a boa técnica de animação utilizada pelo desenho, fazendo uma eficiente mistura de 2D e 3D, é apenas uma das qualidades do filme. Contrariamente ao que tem acontecido com a maioria dos recentes longas de animação, aqui o roteiro tem um tratamento especial. A história – escrita a seis mãos por Didi Oliveira, Emerson Bernardo de Abreu e Flavio de Souza – é envolvente e divertida, misturando logo de cara dois dos maiores motes do universo de Maurício: um plano infalível do Cebolinha e uma invenção fantástica do Franjinha.
Fugindo da Mônica, Cascão e Cebolinha buscam refúgio no laboratório de Franjinha, que está prestes a inventar uma poderosa Máquina do Tempo. Mas a confusão da garotada faz com que os quatro elementos da natureza – água, fogo, terra e ar – que haviam sido cuidadosamente isolados pelo inventor-mirim, se percam em diferentes tempos da história da Humanidade. Agora, eles terão de viajar pelo tempo e pelo espaço para recuperar os elementos perdidos, tentando assim evitar que o planeta inteiro se congele. Mônica e Bidu são enviados à Idade da Pedra, Cascão volta à uma aldeia indígena na época dos Bandeirantes, Cebolinha viaja até o futuro, Magali retorna alguns anos no passado e acaba encontrando a si mesma, ainda bebê. Ou seja, o roteiro não subestima a inteligência das crianças. E ainda passa, sem didatismos rasos, belas mensagens de companheirismo, trabalho em equipe e amizade.
Tudo isso, claro, sem perder o fundamental e indispensável bom humor, sempre presente nos diálogos espertos e afiados. Todo este belo trabalho de forma e conteúdo é complementado e enriquecido por uma dublagem irrepreensível, a cargo de Marli Borboletto (Mônica), Angélica Santos (Cebolinha), Paulo Cavalcante (Cascão, hilariante), Elza Gonçalves (Magali), Sibele Toledo (Franjinha), com participação especial da atriz Bianca Rinaldi dublando a vilã Cabeleira Negra. E a exemplo do que Walt Disney sempre fazia com seu personagem Mickey, o próprio Maurício de Sousa dubla o cachorrinho Bidu.
O filme rompe as barreiras do tempo não só na tela como também na platéia, onde várias gerações de fãs da obra de Maurício de Sousa se unem para rir dos “velhos” personagens – já quarentões – que nos fazem voltar à infância com suas divertidas aventuras. “Turma da Mônica – Uma Aventura no Tempo” é, sem dúvida, um filme “do bem”.