“A ÚLTIMA FESTA”, COM RESPEITO E AFETO AO ADOLESCENTE.

Por Celso Sabadin.

Tudo acontece numa única noite. E não é uma noite qualquer, mas o período que marca o rito de passagem de um grupo de jovens que estão concluindo o Ensino Médio.

Também tudo acontece num único lugar. E não é um lugar qualquer, mas no belíssimo palácio que serve de cenário para o baile de formatura do pessoal. (Pelo que entendi, seriam várias locações, em Portugal, fotografadas e montadas como se fosse um único lugar, mas aí já é detalhe).

É neste único tempo e único espaço que se desenrola “A Última Festa”, coprodução Brasil/Portugal que investiga as ansiedades – e põe ansiedade nisso – de um grupo de adolescentes em sua última noite juntos, antes de partir cada qual para seu caminho, para vidas divididas por seus vestibulares e suas futuras faculdades.

É neste contexto que Nina (Marina Moschen), Nathan (Christian Malheiros), Bianca (Thalita Meneghim), Marina (Giulia Gayoso) e outros colegas entram numa espiral de sentimentos e sensações aleatórias que explodem nas peles e na tela com o desordenamento típico desta idade em que os hormônios estão em seus níveis máximos. São personagens diferentes entre si, mas que compartilham de medos, inseguranças, paixões, desejos e sonhos que entram em processo de ebulição potencializado pelo desassossego depositado na tão mítica e icônica festa de formatura. Tudo na velocidade de seus celulares.

Conduzido por um elenco homogêneo, bem sintonizado e carismático, “A Última Festa” se mostra irregular, alternando momentos de forte carga dramática com outros que tangenciam a ingenuidade, mas sempre temperados por diálogos bem construídos e interpretações convincentes.

Mesmo estruturado por algumas das mais legítimas questões do universo adolescente, acaba se apoiando em duas das mais utilizadas muletas do cinema contemporâneo: a ininterrupta e onipresente trilha sonora e –  como acontece muito no cinema brasileiro – o excesso de narrações em off que, se fossem minimizadas, fortaleceriam a narrativa.

É também o que pode ser chamado de filme, digamos, “do bem”, contemplando a diversidade, tratando o adolescente com protagonismo, seriedade e afeto, sem jamais menosprezar seus padecimentos.

O diretor e roteirista Matheus Souza tem experiência prévia no tema. Ele já participou do roteiro do programa de TV “Amor e Sexo” (2013), da minissérie “Onde Está Meu Coração” (2020), e dos longas “Apenas o Fim” (de 2008, que também dirigiu), “Tamo Junto” (de 2016, que também codirigiu), “Alice & Só” (2020), e “Eduardo e Mônica” (2020), entre outros.  “A Última Festa” é o sexto longa dirigido por Matheus, após “Apenas o Fim”, “Eu Não Faço a Menor Ideia do Que Eu Tô Fazendo Com a Minha Vida” (2012), “Tamo Junto” (de 2016, codirigido com Pedro Cadore), “Ana e Vitória” (2018) e “Me sinto Bem com Você” (2021).

Completam o elenco Victor Lamoglia, Richard Abelha, Victor Meyniel, Caíque Nogueira, Leo Cidade e Muse Maya.

A estreia nos cinemas é nesta quinta, 26 de janeiro.