A VIDA PASSADA A LIMPO NO TERNO “UM FIM DE SEMANA EM PARIS”.

Por Celso Sabadin.

O inevitável e doloroso ato de passar a vida a limpo é o ponto central de “Um Fim de Semana em Paris”. Escrito por Hanif Kureishi, o mesmo autor do aplaudido “Minha Adorável Lavanderia”, o filme acompanha um decisivo final de semana na vida de Meg e Nick, um casal britânico que decide comemorar seus 30 anos de casamento na bela e romântica capital francesa.

É ali, deslocados de seus habitat natural, longe da família e mais próximos do que poderia ser o fim, que ambos percebem que os vários anos de casados talvez não tenham sido tão sólidos e maravilhosos como possa parecer. Frustrações, medos, sonhos não realizados, tristezas e alegrias de décadas emergem nas emoções intensas e intensivas condensadas num único final de semana.

“Eu quero aprender italiano, tocar piano e dançar tango. É tão terrível assim?” questiona Megan.

Por vezes engraçado, por vezes amargo, mas sempre terno e sensível, “Um Fim de Semana em Paris” tem direção do sul-africano Roger Michell, conhecido e aplaudido por “Um Lugar Chamado Notting Hill”. Há inclusive uma autorreferência a este seu trabalho anterior, numa cena que mostra com destaque a fachada da famosa livraria que foi cenário do filme.

No elenco, as mais que bem-vindas presenças da escocesa Lindsay Duncan (de “Sob o Sol da Toscana”), do sempre ótimo Jim Broadbent, de mais de uma centena filmes, e de Jeff Goldblum, proporcionando um divertido contraponto norte-americano ao formalismo do casal britânico.

“Um Fim de Semana em Paris” obteve cinco indicações no British Independent Film Awards, mais uma série de prêmios e indicações em festivais pelo mundo.