AINDA DÁ PRA VER “NELSON PEREIRA DOS SANTOS” NO CINEMA.

Por Celso Sabadin.

Estreou sem muito alarde, “encaixotado” pelo feriado de 15 de novembro, o longa “Nelson Pereira dos Santos – Vida de Cinema”, documentário sobre um dos mais importantes cineastas brasileiros de todos os tempos – ainda que não tão midiaticamente badalado quanto outros, talvez menos importantes.

Após sua estreia em Cannes e sua primeira exibição nacional no Festival do Rio, “Nelson Pereira dos Santos – Vida de Cinema” passou também na Mostra de São Paulo, cidade onde nasceu, para depois chegar ao circuito, no último dia 16.

Dirigido por Aída Marques e Ivelise Ferreira, o longa cobre seis décadas de cinema brasileiro, e tem seu ponto de partida no clássico e icônico “Rio 40 Graus”.  Estreia cinematográfica de Nelson, o filme dá o pontapé inicial no movimento Cinema Novo, que mudaria para sempre os caminhos da nossa história nas telas.

Equilibrando-se entre as profissões de cineasta e de jornalista no Jornal no Brasil, Nelson construiria a partir de Rio 40 Graus uma das mais sólidas carreiras do nosso cinema, realizando, Mandacaru Vermelho, Boca de Ouro, Vidas Secas, El Justicero, Azyllo Muito Louco, Como Era Gostoso o Meu Francês, O Amuleto de Ogum, Tenda dos Milagres, entre vários outros.

O documentário é alinhavado basicamente a partir de várias entrevistas e depoimentos concedidos por Nelson, em diversas fases de sua vida, preciosas cenas de bastidores, além de trechos de sua obra, alguns deles magnificamente restaurados.

“Nelson Pereira dos Santos – Vida de Cinema” deixa no público um gostinho de “quero mais”, principalmente em sua segunda metade, que passa a sensação de ter sido concluída com alguma pressa.

Na capital paulista, o filme permanece em cartaz nas sessões das 14 horas do Espaço Itaú, na rua Augusta. Confira.

 

Quem são as diretoras Aída Marques e Ivelise Ferreira

Doutora em cinema pela ECA-USP, Aída Marques é cineasta e produtora com mais de 30 anos de experiência. Entre seus trabalhos mais destacados estão: “Expedito” (2006), vencedor do prestigiado prêmio da CNBB, Melhor Filme no Festival Internacional de Cinema Etnográfico, e apresentado na Mostra Internacional de Cinema do Rio, na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo Festival de Cinema Autres Brésils (França); “Abdias Nascimento” (2011), exibido no Festival Internacional de Cinema do Rio e no Cinesul; e “Trágicas” (2019), estreado no Festival de Cinema de Tiradentes e premiado no Festival de Cinema El Ojo Cojo (Espanha).

Aída foi a idealizadora de uma série de exposições sobre cinema no Rio de Janeiro, trazendo ao Brasil a Expo(r) Godard, sobre o lendário cineasta e Vistas Lumière, sobre os pioneiros Irmãos Lumière, e a oficina de crítica de cinema Questão de Crítica. É professora emérita de Cinema e Audiovisual, curso fundado por Nelson Pereira dos Santos na Universidade Federal Fluminense, UFF.

Recentemente, Aída Marques dirigiu o documentário Agudas: Os Brasileiros de Benin (2023).

 Ivelise Ferreira é formada em licenciatura em artes cênicas pela Universidade de Brasília, UnB (1982) e administração e marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing ESPM/RJ (2003). Iniciou sua carreira em cinema no Centro de Produção Cultural e Educativa, CPCE – UnB (1988) produzindo documentários sobre produção de alimentos por associações de agricultores no entorno de Brasília, populações quilombolas e impactos da universidade de Brasília na formação da cidade.

Em 1991 trabalha como assessora do cineasta Nelson Pereira dos Santos na criação do Polo de Cinema e Vídeo de Brasília. A partir desse trabalho torna-se assistente de direção e de produção do diretor nos filmes: A Terceira Margem do Rio, (1993) O Cinema de Lágrimas da América Latina, (1995) Casa Grande & Senzala, (2000) Raízes do Brasil, (2002) Brasília 18%, (2005) A Luz do Tom, (2012) e A Música Segundo Tom Jobim, (2011).