“ALÉM DA LIBERDADE” É MELODRAMA QUE FUNCIONA.

O francês Luc Besson não é, vamos dizer assim, o cineasta mais “mão leve” do mundo. “O Profissional”, “O Quinto Elemento” e “Joana D´Arc” são alguns exemplos de seus trabalhos que comprovam como ele gosta de exagerar nos tons, nas formas e nas cores. Nada contra, se o espectador não se importar em ser cinematograficamente manipulado, já que Besson extrapola, sim, mas o faz com inegável talento.

Seu novo trabalho, “Além da Liberdade”, reforça esta sua característica manipuladora. A partir de fatos históricos recentes, Besson conta a trajetória de Aun San Suu Ky (Michelle Yeoh), filha do homem que lutou pela libertação da Birmânia (hoje Mianmar), uma mulher cujo destino a fez abandonar a família que havia constituído na Inglaterra para se tornar uma das principais líderes políticas na sua Birmânia natal.

O cenário é dos mais propícios para uma pujante saga político-histórico-familar. Há ditadores cruéis, belas paisagens de um país exótico, injustiças sociais aos montes, uma protagonista infalível e uma dose de enroscos familiares. Obviamente Bresson se aproveita de tudo isso com seu estilo que não faz questão de ser sutil. Usa e abusa da música dramático-oriental de seu eterno colaborador Eric Serra, joga com a câmera lenta nos momentos-chave e não tem medo do melodrama.

O resultado? Funciona! Mesmo reduzindo intrincadas questões políticas a um mero jogo de mocinhos contra bandidos, “Além da Liberdade” claramente busca o grande público, procura a emoção em estado bruto e joga com elementos que chantageiam as lágrimas. Por que não? Afinal, Cinema também é manipulação, já ensinava Hitchcock.

Coproduzido por França e Inglaterra, o filme foi rodado na Tailândia, já que a antiga Birmânia ainda permanece sob regime ditatorial.