“ALIADOS”, UMA ESPÉCIE DE “CASABLANCA REBOOT”.

Por Celso Sabadin

Existem filmes que não deveriam ter sinopses. Nem trailer, nem nada. São filmes que nos prendem a atenção pela curiosidade e pela tensão do que vai acontecer a cada minuto, a cada instante. “Aliados” é um destes filmes. Tudo o que você precisa saber sobre ele é que se trata de um cativante drama romântico de espionagem ambientado na Segunda Guerra Mundial. Tudo o mais que você souber vai estragar boa parte do envolvimento com a trama e com os personagens. Principalmente o trailer –  horroroso – que só falta mostrar a última cena, pois o restante ele já conta tudo.

Com direção do festejado Robert Zemeckis, eternizado pela trilogia “De Volta para o Futuro”, “Aliados” faz com os romances da Segunda Guerra o mesmo que “La La Land” faz com os musicais: promove um nostálgico passeio pelo cinema do passado. Através das sempre carismáticas interpretações de Brad Pitt e Marion Cotillard, “Aliados” não esconde sua intenção de homenagear as grandes produções que os EUA realizaram sobre aquele tão conturbado período da história do mundo. Fotografia, direção de arte, elegância narrativa, conflitos pessoais, emocionais, políticos e bélicos,  regados por uma forte dose de romantismo, o eterno discurso pela liberdade, tudo está na tela, como uma espécie de “Casablanca” Reboot.  Ou como uma das releituras deliciosamente melodramáticas de Claude Lelouch. Só faltou a música de Michel Legrand.

Não deixa de ser significativo este regresso nostálgico que o cinema tem promovido a um tempo no qual, talvez, as coisas parecessem mais românticas,  a uma época que, não por acaso, foi chamada de “de Ouro” de Hollywood. Talvez esta tendência já seja saudades antecipadas de um período pré-Trump e, consequentemente, mais humanos do que se aponta para o futuro.  Zemeckis realiza assim o seu “de volta para o passado” com muito charme e a amarga esperança que os dias melhores… já se foram.

A estreia foi nesta quinta, 16 de fevereiro.