“AMÉRICA ARMADA” ABORDA A VIOLÊNCIA DO ARMAMENTO INDISCRIMINADO.

Por Celso Sabadin.

O capitalismo mudou. Logo após a Segunda Guerra, instalou-se no mundo, de forma cada vez mais impositiva, o Capitalismo Produtivo, que forçava as populações de todas as nações alinhadas aos EUA a consumir cada vez mais, havendo ou não necessidade deste consumo. Algumas décadas depois, a explosão da economia neoliberal abriu espaço ao Capitalismo Especulativo, no qual a produção deu lugar à pura especulação financeira, que gera lucros movimentando pelo mundo imensas quantidades de dinheiro que não produzem efetivamente nada, muito menos geram emprego. E atualmente vivemos a era do Capitalismo Criminoso, que gera seus lucros fomentando a guerra e a violência em vários países pelo mundo, com um bom destaque para a América Latina. O derramamento de sangue é um negócio cada vez mais lucrativo para as grandes corporações.
Esta é apenas uma das linhas de pensamento e denúncia de “América Armada” documentário que estreia amanhã (11/03) nas plataformas digitais NOW, Vivo Play e Oi Play.

O filme aborda três personagens instigantes. Por exemplo, o brasileiro Raull Santiago, rapaz que nasceu e cresceu no Complexo do Alemão, membro do Coletivo Papo Reto, que munido de seu celular transmite em lives as ações abusivas da polícia em sua comunidade. Ou a colombiana Teresita Gaviria, que há 18 anos perdeu seu filho assassinado e desde então tornou-se militante do grupo Madres de La Candelária. Há também o jornalista mexicano Heriberto Paredes, que mesmo ameaçado de morte acompanha a luta de grupos de autodefesa compostos por indígenas que resolveram pegar em armas para defender seus territórios e suas vidas contra o narcotráfico.
Em todas estas situações – e outras – a devastadora presença dos interesses do mercado de armas, este mesmo que o atual Genocida da República faz o possível e o impossível para liberar cada vez mais em nosso país.
A direção é de Pedro Asbeg, o mesmo dos ótimos “Democracia em Preto e Branco” e “Geraldinos”, e de Alice Lanari, uma das produtoras associadas de “Democracia em Vertigem”.

A gênese de “América Armada” acontece em 2014, quando os diretores buscaram entender quais eram as semelhanças e diferenças entre o que estava acontecendo no México, com o surgimento das autodefensas, e no Brasil, com a expansão das milícias no Rio de Janeiro. Mais tarde, a Colômbia entrou no filme como um matiz à situação dos outros dois países. “Foi assustador perceber que aquilo que estava acontecendo no Brasil durante as filmagens, e que só se aprofundou depois disso, tinha e tem muitas semelhanças com o que já aconteceu – com resultados trágicos – em outros países latino-americanos”, conta Lanari.

Ironicamente, “América Armada” tem coprodução da Globo News, a mesma Globo News que foi uma das maiores apoiadoras do Golpe de Estado de 2016 que conduziu o Brasil a esta situação de calamitosa violência armada que vivemos atualmente. Incoerências da vida e do Capitalismo.