AMERICANO “LOLA” REFAZ FRANCÊS “RINDO À TOA”.

Certa vez um grupo de vendedores de DVDs, destes que têm a cruel missão de vender títulos em home vídeo para as locadoras, pediu para que o patrão deles retirasse dos rótulos e do material promocional de determinado título que aquele filme era falado em francês. Motivo: segundo eles, isso prejudicava as vendas, pois os donos de locadoras, de uma forma geral, torcem o nariz para filmes que sejam falados em outra língua que não seja o inglês.

Nunca consegui constatar numericamente, ou seja, seriamente, através de pesquisa, se esta informação é correta ou não para o mercado brasileiro. O que se sabe com certeza é que o público norte-americano, em sua maioria, rejeita, sim, filmes falados em outros idiomas fora o inglês. É apenas esta aversão, esta xenofobia, e por que não dizer, este tipo de ignorância cultural, que justifica refazer o filme francês “Rindo à Toa”, de 2008. Com novos produtores, outro elenco, mas com a mesma diretora (Lisa Azuelos), “Rindo à Toa” foi refeito agora pelos americanos, e chega ao Brasil com o título “Lola”.

A trama é centrada em Lola (Miley Cyrus, mais conhecida como Hannah Montana), uma garota que ao retornar das férias escolares tem a difícil missão de encarar seu ex-namorado. Ou ex-ficante. Ou atual namorado, nem ela sabe muito bem. Afinal, o filme é justamente sobre isso: dúvidas. Aos 15 anos, conviver na mesma sala de aula com o “ex” pode significar um dos maiores problemas do mundo. Como são, aliás, todos os problemas de quem tem 15 anos: os maiores do mundo. Namorar, ficar, fumar, perder ou não a virgindade, com quem… estas e outras questões são levantadas no filme com frescor, vigor e humor (só para não perder a rima).

Mas não é um filme destinado apenas ao público adolescente. Pais e educadores provavelmente vão se identificar muito também com os personagens adultos do roteiro, encabeçados pela mãe de Lola, Anne (Demi Moore), quarentona, separada e vivendo um caso escondido com o próprio ex-marido, Ela é praticamente tão insegura quando a filha adolescente. Afinal, Anne representa uma geração pós-hippie liberada que fumou (e continua fumando) maconha, mas que não admite que seus filhos possam fazer o mesmo. Uma geração que lutou por liberdades individuais, mas que se permite ler o diário íntimo da própria filha. Um tipo de incoerência que acaba gerando, além de reflexões por parte da platéia, boas situações irônicas e comportamentais dentro da trama.

É ruim? Não, não é. Mas é totalmente dispensável para quem já viu o original francês, com as mesmas situações, o mesmo estilo e praticamente as mesmas piadas. Tanto que a crítica acima é praticamente a mesma que eu escrevi sobre o filme francês, quatro anos atrás. Uai, se eles não se propecuparam em mudar o roteiro, por que eu mudaria minha crítica?

Embora simpático, “Lola” fica um milhão de anos atrás de “As Melhores Coisas do Mundo”, por exemplo, de Laís Bodanzky, que tratas do mesmo universo. Prefira o similar nacional.