“AMIGOS INSEPARÁVEIS” TRATA O ENVELHECIMENTO COM AMARGOR E TERNURA.

Embora a Paris Filmes esteja colocando em seu material de divulgação que “Amigos Inseparáveis” é uma “comédia”, e de “ação”, o filme é um sensível drama sobre o envelhecimento, a morte e a amizade. Estrelado por dois atores que, por si só, já valem o ingresso: Al Pacino e Christopher Walken.

Walken é Doc, antigo criminoso que vai recepcionar o velho amigo Val (Pacino), que acaba de sair da prisão após longos 28 anos. Mais que simplesmente buscá-lo na porta da cadeia, Doc vai dar guarita e aconchego a Val, que não tem mais ninguém na vida. Pelo menos até que o verdadeiro e cruel mote do filme se revele: para continuar a viver, Doc terá de matar Val.

Estabelecido o conflito, o roteiro do estreante Noah Haidle desenvolve uma bela história de dois homens que só têm um ao outro para se apoiar na terminável luta não só pela sobrevivência como também pela falsa ilusão de ter significado alguma coisa na vida. “A gente morre duas vezes – diz Val – quando finalmente nos termina o ar, e quando morre a última pessoa do mundo que sabia o seu nome”. Solidão e esquecimento são elementos sempre presentes no filme.

Este é apenas o segundo longa de ficção de Fisher Stevens (o primeiro é “Foi só um Beijo”, de dez anos atrás), e mesmo assim o diretor mostra segurança e estilo. Notadamente ele se apoia na estética dos bons filmes americanos da virada dos 60 para os 70, um dos últimos períodos onde o cinema comercial americano ainda se preocupou em fazer filmes de temática adulta para o público adulto. Afetiva e esteticamente, “Amigos Inseparáveis” dialoga com “Perdidos na Noite” e “O Espantalho”, este último também com Pacino. São personagens outsiders vagando por um ambiente urbano carregado de tons magenta e verde, com grãos estourados na película. Nenhum brilho, muitas sombras, conteúdo, densidade e emotividade.

Um pequeno grande filme.