“AMOR À SEGUNDA VISTA”, UMA BOA SESSÃO DA TARDE À FRANCESA.

Por Celso Sabadin.

O cinema franco-belga também faz sua “séance de l’après-midi” – ou, Sessão da Tarde – por que não? Nada contra uma comédia romântica açucarada para ver a dois, desde que a inteligência do público não seja menosprezada, claro. É o caso deste bem-vindo “Amor à Segunda Vista”, filme que faz uma boa mistura de alguns elementos típicos deste gênero tão explorado pelo cinema comercial norte-americano. Entre eles, belas locações românticas em Paris, os típicos encontros e desencontros entre casais e, neste caso, uma fenda de tempo e espaço que abre uma realidade paralela.
 
Os estudantes Raphaël (François Civil) e Olivia (Joséphine Japy) se conhecem na escola e se apaixonam loucamente à primeira vista. Ele se torna um escritor famoso e ela uma professora de piano, ainda nos créditos iniciais do filme (uma bela e eficaz sequência de planos que mostra como o cinema pode ser eficiente quando sabe usar imagens sem palavras). Porém (e sempre há um porém, caso contrário não há filme), a implacável correria do dia-a-dia, a falta de tempo e a ganância pelo sucesso acaba abalando fortemente as estruturas do casal. Até que um dia Raphaël acorda e percebe que tudo em sua vida mudou. Neste momento, “Amor à Segunda Vista” se assemelha muito a “Um Homem de Família”, onde a fantasia se sobrepõe à lógica para efeitos dramatúrgicos. Mas, aos poucos, a produção franco-belga vai se distanciando de seu “primo” norte-americano, ganha vida própria, e se resolve com talento e sensibilidade.
 
O roteiro – bem resolvido – é assinado pelo próprio diretor Hugo Gélin, em parceria com Igor Gotesman. Não é uma dupla das mais destacadas do cinema francês (antes eles realizaram o apenas razoável “Uma Família de Dois”), mas aqui o resultado ficou bastante interessante e divertido. Leve e descompromissado, sem ser infantil.
 
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