“AMOR, PLÁSTICO E BARULHO” É O BRASIL EXPLODINDO NA TELA, COM TODOS OS SEUS SONS, CORES E SENSUALIDADE.

por Celso Sabadin   

O cinéfilo mais desavisado, destes que são antenados apenas com os blockbusters, pode até pensar que um filme estrelado por Maeve Jinkings e Nash Laila seja uma produção internacional. Mas quem curte o cinema brasileiro já identifica estes nomes, de sonoridade tão estrangeira, com o que se faz de melhor no audiovisual pernambucano. Maeve e Nash são as estrelas – e põe estrela nisso – de “Amor, Plástico e Barulho”, filme ambientado nos bastidores da tão famosa busca pelo sucesso. Nash vive o papel de Shelly, uma jovem e sonhadora dançarina que quer ser cantora. Maeve interpreta Jaqueline, artista de algum sucesso, mas que agora se depara com o inevitável caminho de volta, na contramão da fama. Neste jogo de sobe-e-desce, os caminhos de ambas se cruzam  durante o processo de montagem de uma banda de música brega. O conflito é inevitável.

Não é segredo que o tema, por si só, está longe de ser novidade. O que de fato chama a atenção no filme é a belíssima essência de sua brasilidade, ao investigar um universo que nem os brasileiros conhecem bem. O mundo do show business da periferia, do brega, das casas noturnas e dos programas locais de televisão é passado para a tela de maneira emotiva e encantadora pela cineasta Renata Pinheiro.

O apuradíssimo cuidado com os aspectos visuais  do filme não são obra do acaso. Renata iniciou sua carreira estudando e trabalhando com arte contemporânea em Londres e Paris. Alcançou repercussão internacional com seu primeiro curta, “Super Barroco”, que venceu mais de 40 prêmios. Depois realizou o curta “Praça Walt Disney” e o longa documental “Estradeiros”, ambos codirigido com Sergio Oliveira, ambos grandes sucessos em festivais.

Sua estreia solo na direção de longas é das mais promissoras.   “Amor, Plástico e Barulho” já é um colecionador de prêmios: venceu nas categorias de Atriz (Maeve Jinkings), Atriz Coadjuvante (Nash Laila) e Direção de Arte no Festival de Brasília de 2013, foi premiado como o Melhor Filme pela Abraccine (Associação Brasileira dos Críticos de
Cinema) e Melhor Atriz (Jinkings) no Festival de Aruanda-PB, além de Melhor Montagem e Menção Honrosa (Jinkings) no Janela Internacional de Cinema do Recife. Em 2014, foi consagrado Melhor Filme na Mostra Filmes Livre, recebendo ainda os prêmios de Melhor Atriz (Nash Laila) e Melhor Fotografia no 7º Festival de Cinema de Triunfo-PE.

Os prêmios para a dupla central de atrizes são mais do que justificados. Maeve e Nash oferecem um belíssimo duelo de interpretações, onde esbanjam naturalidade, sensualidade e afetividade, sem nuca deixar cair o necessário nível de tensão entre as protagonistas, que permeia e conduz toda a trama.

“Amor, Plástico e Barulho” é uma explosão de cores, formas, ritmos e brasilidade exposta na tela com um naturalismo quase documental. Um filme que mostra, como diz uma de suas protagonistas, que “o sucesso é descartável feito um copo de plástico daqueles bem vagabundos”.

Mais um grande trabalho do elogiadíssimo (não sem motivos) cinema pernambucano.