“ANJOS & DEMÔNIOS” É MELHOR QUE “O CÓDIGO DA VINCI”.

Na Suíça, o acelerador de partículas LHC consegue criar a tão sonhada anti-matéria. Não muito longe dali, o Vaticano prepara os funerais do Papa. O que dois fatos tão díspares poderiam ter em comum entre si? Respostas, só vendo “Anjos & Demônios”, nova aventura do simbologista (existe isso?) Robert Langdon (vivido por Tom Hanks), personagem criado pelo escritor Dan Brown no livro O Código da Vinci.
“Anjos & Demônios” não é nem uma continuação, nem um “prequel” de “O Código da Vinci”. Mas sim uma outra aventura vivida pelo mesmo personagem, na tentativa de desenvolvimento de uma nova franquia editorial e cinematográfica.
E nem poderia ser diferente: afinal, “O Código…” foi um enorme sucesso que arrecadou mais de US$ 200 milhões só nas bilheterias dos EUA. Dar prosseguimento a ele seria inevitável.

A boa notícia é que “Anjos & Demônios” é melhor que “O Código da Vinci”. Bem melhor. O diretor Ron Howard (que entre um filme e outro ainda dirigiu “Frost/Nixon”) libertou-se dos excessos verborrágicos e literários de “O Código da Vinci” e realizou agora um trabalho de mais ritmo, de maior impacto visual e linguagem cinematográfica mais desenvolvida. Claro que o personagem principal continua despejando toneladas de pensamentos verbalizados sobre a platéia, mas mesmo assim o filme consegue manter um bom pique de ação, aventura e suspense. Com direito a uma intrigante “teoria da conspiração” envolvendo os mais altos escalões da Igreja Católica.

Basicamente, a estrutura do roteiro lembra aquela brincadeira “Caça ao Tesouro”, muito popular em festas infantis e acampamentos juvenis. Ou seja, nada além de uma pista que leva à outra, que leva à outra e assim sucessivamente, com o relógio correndo contra todos. Mas bem eficiente como entretenimento, com um final espetacular e muitas “viradas inesperadas”. Mas se eu falar muito, elas deixarão de ser inesperadas.

Boa parte do ritmo aventuresco do filme deve ser creditada à vibrante trilha sonora do ótimo Hans Zimmer, autor que já ultrapassou a marca de 100 longas em seu currículo. Se algo claudica na imagem, lá estão as cordas e as percussões alucinadas de Zimmer para não deixar a peteca cair e manter a adrenalina pulsando.

E mais: belas locações em Roma (tem como Roma não ser bela?), uma protagonista feminina eficiente e sensual (a israelita Ayelet Zurer) e coadjuvantes do porte de Armin Mueller Stahl e Ewan McGregor.
Destaque também para a elaboradíssima direção de arte que chegou a construir, em estúdio, cenários reproduzindo a Basílica de São Pedro, que não foi liberada pelas autoridades do Vaticano a servir como locação.

Como bom entretenimento, é diversão garantida.