“ANTONIO BANDEIRA – O POETA DAS CORES”. CONHECE?
Por Celso Sabadin.
Mesmo sendo fã da arte modernista brasileira, nunca tinha ouvido falar no pintor Antonio Bandeira. Esta minha ignorância no assunto poderia ser resultado de um apagamento histórico do artista, por ele ser negro? Ou é só ignorância da minha parte mesmo? Não sei dizer, mas o lançamento do documentário “Antonio Bandeira, o Poeta das Cores”, em cinemas a partir deste 9 de abril, vem suprir esta minha lacuna.
O filme nasce da inquietação de Francisco Bandeira, sobrinho do artista, curioso em conhecer melhor a trajetória do importante tio. É ele quem tece o fio condutor desta interessante história que começa no Ceará e ganha o mundo.
O roteiro de Marcos Sá e do também diretor do longa, Joe Pimentel, opta pelo estilo clássico, expositivo, fazendo ótimo uso de um rico material de arquivo, apoiado por depoimentos de especialistas. É por este caminho que ficamos sabendo que o biografado, nascido em Fortaleza exatamente no ano da Semana de Arte Moderna de 1922, deixou sua terra natal para tentar a vida artística na efervescente Paris do pós Segunda Guerra, travando contato com alguns dos mais icônicos nomes da pintura mundial.
Via capital francesa, ganhou o mundo aliando sua inventividade Modernista e Vanguardista à sua marcante presença física, que potencializava sempre buscando a maneira mais elegante de se apresentar em público. De volta ao Brasil, foi um dos fundadores da Sociedade Cearense de Artes Plásticas, mudou-se depois para o Rio, expôs na primeira Bienal de São Paulo, e realizou inúmeras exposições pelo país, até retornar à França, onde finalizou sua carreira com grande reconhecimento do setor.
Um dos méritos do filme é estender sua narrativa para além da vida e obra de Bandeira, abrindo também espaço – e belas imagens – do entorno histórico e social de sua época. Assim, aborda desde a vida parisiense dos anos 40 até a inquietação brasileira dos anos JK, proporcionando um mosaico de cores, vidas e inspirações que pontuaram os caminhos do biografado.
Quem dirige
O cearense Joe Pimentel começou a carreira como fotógrafo e diretor nos anos 80, com filmes como “Face Concreta da Memória e Muriçoca”, rodado em Super-8. Nos anos seguintes, foi operador de câmera, fotógrafo e assistente de direção de diversas produções de seu estado. Dirigiu e roteirizou os curtas “Retrato Pintado” (2001), vencedor de melhor filme e direção no Festival de Brasília e de melhor trilha e direção de arte no Cine Ceará; “Canoa Veloz” (2005), parceria com Tibico Brasil, duplamente premiado no mesmo festival (melhor produção e fotografia) ; e “Câmara Viajante” (2006), melhor produção cearense no Cine Ceará e melhor montagem no Kinoforum. Em 2008, codirigiu com Glauber Filho, o longa “Bezerra de Menezes – O Diário de um Espírito”, com Carlos Vereza e Nanda Costa; e realizou o curta “Invenção do Sertão” ao lado de Armando Praça. Foi diretor do longa “Homens Com Cheiro de Flor” (2010) e produziu o documentário “Damas da Liberdade” (2012). Seu próximo projeto é o longa, “Vozão – O Coração do Meu Povão”.