“APENAS O FIM” MOSTRA O TALENTO DA JUVENTUDE NO CINEMA BRASILEIRO.

Sangue novo no cinema brasileiro. Com os jovens Matheus Souza na direção e Gregório Duvivier e Erika Mader nos papeis principais, “Apenas o Fim” vem conquistando prêmios e elogios por onde passa. E não sem motivos. Resultado de um projeto dos alunos da PUC carioca, o filme tem humor, frescor, interpretações irretocáveis, sentimento e simplicidade, muita simplicidade.

A rigor, a trama é um gigantesco “discutir da relação”. Uma garota decide terminar o namoro com um rapaz. Ela, cansada da mesmice, quer começar uma nova vida, sozinha, viajando sabe-se lá pra onde e sabe-se lá como. Ele, apaixonado, ao mesmo tempo em que sofre por perder a menina dos seus sonhos, sabe que é preciso dar a ela o espaço necessário.
Esta brevíssima sinopse pode sugerir um filme monótono. Não é. Enquanto caminha pelas alamedas arborizadas da bela PUC do Rio, o casal revive momentos do namoro e conversa sobre futuro e presente. Tudo regado a diálogos deliciosos com um humor digno de um Woody Allen. Ou de um Domingos de Oliveira? Por exemplo: “As montanhas do Rio de Janeiro são um projeto do Oscar Niemeyer. Foi o trabalho de formatura dele, em 1524”. Ou então “Você é a pessoa mais maluca que eu já conheci. E olha que eu conheço gente louca. Minha mãe por exemplo faz terapia há 20 anos e meu pai torce pelo América”.

Não é, contudo, uma comédia. Mas sim um grande painel dos sentimentos humanos construído por dois jovens repletos de cultura pop. De Super Mario Bros a Dakota Fanning. De Star Wars a Michael Jackson. Tudo cozido dentro de um fervente caldeirão de emoções à flor da pele. Gregório Duvivier e Érika Mader (sobrinha de Malu Mader) passam uma espantosa veracidade. Atropelam-se ao falar, sorriem com ternura, enfurecem-se com ardor. Fica até difícil (impossível?) dizer o quanto há de roteiro escrito e o quanto há de improvisação entre ambos.

De certa forma, lembra “Antes do Amanhecer” e “Antes do Por-do-Sol”, com Ethan Hawke e Julie Delpy. Mas com um delicioso tempero brasileiro.

“Apenas o Fim” ganhou os prêmios de Melhor Filme do Júri Popular e Menção Honrosa do Júri Oficial no Festival do Rio 2008, Prêmio de Melhor Filme do Júri Popular na 32ª Mostra de São Paulo, e foi selecionado para diversos festivais internacionais, como Rotterdam, Miami e outros.