“APENAS UM CORAÇÃO SELVAGEM”, MAS PODE CHAMAR DE BELCHIOR.

Por Celso Sabadin.

Sou mais do que suspeito para falar. Desde sempre sou muito fã de Belchior, e mesmo naqueles longínquos anos 70 em que ele era considerado somente uma espécie de “Série B” da música brasileira (Chico e Caetano, por exemplo, sempre foram Série A), eu já falava para meus amigos que Belchior era um baita gênio que só seria reconhecido depois de morto. Principalmente, um letrista insuperável, o porta voz mais representativo de sua geração.

Pra mim, a união da voz da Elis Regina com a letra de “Como Nossos Pais”, mais o arranjo musical da canção (não sei se foi o próprio Belchior que arranjou, ou não) é o ponto máximo e insuperável da história da Música Popular Brasileira. Exagerado? Não: este era o Cazuza. Isso sem falar em várias outras canções de Belchior que seria redundante citar aqui.

Assim, o documentário “Apenas um Coração Selvagem”, que provavelmente será sempre lembrado como “o documentário do Belchior”, faz, em minha avaliação, a acertada opção de abrir todo o seu espaço para o personagem documentado. E para ninguém mais. Assim como “Clara Estrela”, por exemplo, já havia feito com Clara Nunes, “Apenas um Coração Selvagem” abre suas lentes e microfones única e exclusivamente para o biografado, suas ideias, suas músicas, suas letras, suas performances. Belchior e sua arte – e ninguém mais – falam por ele através de extenso material de arquivo.

A opção dos roteiristas Paulo Henrique Fontenelle, Camilo Cavalcanti e Natália Dias (os dois últimos também diretores do longa) só é – levemente – quebrada pela presença do ator Silvero Pereira, que interpreta algumas letras de Belchior em forma de poesia. Nada dos amores do personagem, casamentos, filhos, brigas, desesperos, nada disso tem espaço no longa, totalmente dedicado à sua produção artística e pensamentos do poeta/músico/cantor.

Ou seja, para quem se dispuser, ainda há espaço para outro documentário sobre o mesmo personagem. No caso de “Apenas um Coração Selvagem”, só quem brilha é Belchior. E como brilha!

O filme será exibido nas seguintes sessões, dentro do festival É tudo Verdade:

07/04 – 20h: Espaço Itaú de Cinema Augusta (SP)

07/04 – 20h: Espaço Itaú de Cinema Botafogo (RJ)

07/04 – 21h: É Tudo Verdade Play – Limite de 1800 Visionamentos

08/04 – 13h: É Tudo Verdade Play – Limite de 200 Visionamentos

08/04 – 15h: Debate com equipe do filme no canal do É Tudo Verdade no Youtube

 

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