APESAR DO TÍTULO, “JP HARVEY: UM CÃO CHAMADO DINHEIRO” É UMA VIAGEM FASCINANTE.

Por Celso Sabadin.

Os estudiosos diriam que é uma experiência “multimídia”. Não deixa de ser verdade. “JP Harvey: Um Cão Chamado Dinheiro” une as linguagens do cinema, da música e da instalação artística para construir um documentário dos mais atrativos.
O ponto de partida é uma série de viagens feitas pela cantora e compositora britânica PJ Harvey e o premiado fotógrafo Seamus Murphy por lugares em situações de conflito, como Síria, Afeganistão e Estados Unidos. Enquanto Seamus filma e fotografa, Harvey observa tudo e conversa com as pessoas locais no intuito de gerar material para seu próximo álbum. Terminada a fase da pesquisa, foi montado no subsolo do museu Somerset, em Londres, um estúdio de gravação onde Harvey e seus músicos desenvolveram um novo álbum – The Hope Six Demolition Project – sob as vistas do público visitante.
As belíssimas imagens capturadas por Seamus, aliadas às poéticas letras de protesto de Harvey interpretadas por sua envolvente voz melancólica, fazem de “JP Harvey: Um Cão Chamado Dinheiro” uma experiência sensorial das mais cativantes. Apesar do nome do filme, que é pra afugentar qualquer um do cinema.
Certamente sempre haverá alguém disposto a acusar Harvey de “apropriação cultural” pelo fato dela utilizar narrtivas de excluídos e até temas musicais religiosos captados durante sua pesquisa como material para o álbum. Fazer o que, né?
Com direção, fotografia e montagem do próprio Seamus Murphy, o longa estreia nos cinemas do Brasil nesta quinta-feira, 25.