“AS AVENTURAS DE PI” É UMA POÉTICA VIAGEM FANTÁSTICA. OU NÃO.

Não estranhe se, ao assistir “As Aventuras de Pi”, você achar a história, digamos, “parecida demais” com a do romance “Max e os Felinos”, de Moacyr Scliar. O próprio autor do livro que originou o filme, o espanhol Yann Martel, afirmou (confessou?) ter se inspirado no livro do brasileiro para escrever o seu.
Polêmicas à parte, “As Aventuras de Pi” é uma deliciosa viagem repleta de fantasia que pode ser curtida por toda a família. Sua essência remete ao clássico “O Homem que matou o Facínora”: se a lenda for mais interessante que a realidade, publique-se a lenda.

Dirigido pelo sempre genial e sensível Ang Lee (“O Segredo de Brokeback Mountain”), o filme narra a incrível história de Pi, um jovem indiano que é obrigado a dividir seu pequeno barco com um tigre feroz (prosaicamente batizado de Richard Parker), após um grande naufrágio. Ou não. Repleto de metáforas e simbolismos, o filme na verdade é uma alegoria sobre o amadurecimento, sobre os limites do homem, e sobre as imprevisíveis situações da vida que muitas vezes fazem emergir nossas facetas mais crueis e obscuras.

Se por um lado “As Aventuras de Pi” e seu caldeirão de referências tem estofo suficiente para ser fartamente discutido numa bela sessão de terapia em grupo, por outro ele de brinda o espectador com uma belíssima fábula visual, de cores arrebatadoras, narrativa fantástica e – raridade – um ótimo uso do 3D.