“ATÉ O FIM” É UMA ESPÉCIE DE “GRAVIDADE” DOS MARES.

Após o vibrante “Margin Call – O Dia Antes do Fim”, o roteirista e diretor J.C. Chandor aposta na experiência radical de fazer um filme com um único personagem. Em “Até o Fim” (estranha tradução para “All is Lost”, tudo está perdido) acompanhamos a luta solitária de um homem sem nome (Robert Redford) contra a imensidão do oceano infinito. Após uma rápida introdução totalmente desnecessária que visa situar a ação, vemos, já no primeiro momento, que o veleiro do protagonista foi atingido em alto mar por um contêiner à deriva. Sem grandes explicações, nem flash backs, nem histórias ocultas: tudo se concentra na luta deste velejador anônimo e só pela própria sobrevivência.

A seu favor, um kit básico de sobrevivência, uma certa perspicácia e uma boa dose de paciência. Contra ele, as forças da natureza. Que não são nada pequenas. O homem nada fala. Nem sozinho. Em momento de grande desespero se limita a gritar um breve “Fuck!”. As únicas vozes vêm da trilha sonora, um pouco celestial, um pouco fantasmagórica. A ideia é criar um tipo de agonia claustrofóbica e solitária, mais ou menos como se “Até o Fim” fosse uma espécie de “Gravidade” dos mares. Com bem menos malabarismos de câmera, sem dúvida.

O resultado não chega a ser genial, mas é competente o suficiente para realizar a difícil proeza de manter a atenção e o suspense até o fim (sem nenhuma intenção de fazer trocadilho com o título em português do filme), mesmo com toda a dificuldade de sua proposta original.

Um belo exercício de estilo.