ATENÇÃO ÓRFÃOS DE “CREPÚSCULO”: “16 LUAS” VEM AÍ.

Primeira boa notícia: os órfãos da Saga Crepúsculo já têm um substituto: “16 Luas”. Segunda boa notícia: pelo menos para este que vos escreve, de quem a adolescência se afasta cada vez mais rapidamente, “16 Luas” é bem melhor que “Crepúsculo”.
Como diz a letra do famoso “Samba de Uma Nota Só”, “outras notas vão entrar, mas a base é uma só”: o romance exacerbado e arrebatador onde um dos elementos é humano, e o outro nem tanto. Não importa se é vampiro, lobisomem ou saci-pererê.

Agora, vamos começar a acompanhar por alguns anos a saga de Ethan Wate (Alden Ehrenreich), um jovem estudante cujo maior sonho na vida é sair da porcaria de cidadezinha onde ele vive, onde nada acontece, e onde as pessoas são conformadas e preconceituosas. Pelo menos até o momento em que ele conhece Lena Duchannes (Alice Englert), a nova garota da escola, que já entra no primeiro dia de aula estigmatizada pela sociedade intolerante por ser sobrinha de Macon Ravenwood (Jeremy Irons), um sujeito considerado esquisito. Bom, Lena tem vários poderes sobrenaturais, que tornarão o amor impossível, mas por enquanto ninguém sabe disso ainda.

O amor impossível entre um mortal e uma bruxa deixou de ser novidade no audiovisual há meio século, quando James Stephens decidiu se casar com Samantha, irritando Endora, mas esta é outra história. Ninguém em “16 Luas” parece querer revolucionar a arte cinematográfica, mas apenas faturar uns bons milhões de dólares na esteira de Bella e Edward. Nada contra. Principalmente se o filme tem qualidades. E “16 Luas” tem. Primeiro porque, diferente de “Crepúsculo”, “16 Luas” é bem humorado, menos meloso, traz bons diálogos e não se leva tão a sério:

“- Eu sou diferente, faço coisas estranhas”, diz Lena.
“ – Por que? Você é europeia?”, questiona Ethan, entre assustado e irônico.

Este é o tom do filme. Segundo porque fica no ar um certo tom de crítica ao imobilismo preguiçoso de boa parte da sociedade conservadora norte-americana e seus inúmeros preconceitos.

“-É preciso banir estes criminosos, imorais… homossexuais, democratas… Greenpeace…”, explode em ira uma das personagens.
E terceiro porque qualquer filme que tenha Jeremy Irons e Emma Thompson já sai em vantagem.
Fora tudo isso, a trama, ainda que adaptada para um público médio adolescente americano, é na medida do possível bem elaborada e evita o habitual simplismo entre o puro bem e o puro mal.

Primeira parte da adaptação do romance da saga de livros “Beautiful Creatures”, de Margaret Stohl e Kami Garcia, “16 Luas” diverte com uma dose bem razoável de qualidade. Tá bom, não tá?