“ATRAÍDOS PELO CRIME” NÃO TRAZ NADA DE NOVO AO GÊNERO.

Ao longo de Atraídos pelo Crime, é constante a sensação de repetição. A cada cinco minutos, ele faz o espectador pensar: “já vi esse filme”. O diretor Antoine Fuqua apenas repete tudo o que já foi dito e reafirmado anteriormente no cinema. Não acrescenta em nada sobre o que é mostrado em filmes como Los Angeles – Cidade Proibida, o Gângster ou Um Dia de Treinamento (do próprio Fuqua).

Policiais corruptos, traficantes faturando fortunas, vícios envenenando famílias, mortes em vão, justiceiros sem esperança; todos os temas do cotidiano do crime estão lá. Mas sem nenhuma novidade, apenas uma repetição sucessiva de clichês.

A trama é formada por três histórias de policiais, ambientadas nas ruas do bairro do Brooklyn, em Nova York. Um deles é Sal (vivido por Ethan Hawke), que tem problemas financeiros e abusa do poder para conseguir um dinheiro extra. O outro, Eddie (Richard Gere), é um veterano que está contando os dias para se aposentar, e o último é Tango (Don Cheadle), que se infiltra no dia-a-dia dos traficantes para obter sua promoção na polícia. Mais óbvio, impossível.

O roteirista Michael C. Martin enche a boca dos personagens de diálogos falsos; nenhuma fala soa autêntica. Como em muitos filmes de criminalidade urbana, os minutos finais são os melhores, mas aqui a convergência entre os três policiais é desnecessária e pouco empolgante. Antoine Fuqua tem um bom estilo para dirigir (como já tinha provado em Um dia de Treinamento), com movimentos de câmera elegantes e bom timing de ação, mas não são o suficiente para segurar o previsível e fraco roteiro.

Ethan Hawke e Don Cheadle se esforçam e fazem o que podem com seus personagens, mas o roteiro os limita a serem personagens-tipos. Wesley Snipes, inexpressivo. O pior de todos ainda é Richard Gere, completamente descompassado com a produção. Se sua intenção era se aventurar em um gênero incomum à sua carreira, ela não foi bem sucedida.

É mais um filme reafirmando que o crime não compensa e condenando a comum política americana de “atire primeiro e pergunte depois”. São temas que rendem bons filmes, mas não é o caso de Atraídos pelo Crime, que vai ser esquecido pelo público logo após sair da sala de cinema.