“ATRAVESSA A VIDA”, UMA EXPLOSÃO ADOLESCENTE DE SENTIMENTOS.    

Por Celso Sabadin.

Não sei exatamente quem disse “fale de sua aldeia e serás universal”, mas é justamente isso que o cineasta João Jardim faz em seu novo documentário “Atravessa a Vida”. O longa extrai toda a sua beleza e sensibilidade de dentro dos muros de uma escola situada no município de Simão Dias, interior de Sergipe. É ali que Jardim faz de sua câmera um verdadeiro instrumento de pesquisa sócio-educativa-comportamental-antropológica ao retratar estudantes que se preparam para o Enem – Exame Nacional do Ensino Médio.

Tendo as belezas, dores e temores da juventude como matéria prima, o filme conduz com desenvoltura e vigor tanto as situações das relações coletivas de ensino como as vivências pessoais das individualidades dos estudantes. Neste contexto, tudo cabe, da filosofia à matemática, da pena de morte ao aborto, da bíblia a Marx, da depressão à euforia. É a vida explodindo forte nos hormônios da adolescência. Enquanto isso, pelos corredores da escola, pedreiros e pintores tentam reformar o prédio sem interromper as aulas, num sugestivo contraponto simbólico de uma reconstrução que parece nunca ter fim.

Atravessa a vida é um desejo forte de revisitar a vida no ensino médio, momento tão importante. Ao mesmo tempo uma vontade de expor o Brasil emocionalmente. O recorte que me interessou foi aquele de partida e início, quando vamos sair do colégio que tanto nos protege, mesmo com suas precariedades”, diz o diretor e roteirista João Jardim, o mesmo de “Getúlio”, “Janela da Alma” e “Pro Dia Nascer feliz”, entre outros.

Quem conseguir não chorar ganha o Troféu Coração de Pedra 2020.

Dia 14 de janeiro nos cinemas.