“ATRIZES” REVÊ A QUESTÃO DA CARREIRA VERSUS A FAMÍLIA.

Atriz em mais de 60 longas, a italiana Valeria Bruni Tedeschi – pela segunda vez – assina também roteiro e direção no filme “Atrizes”, de 2007, que agora chega ao circuito brasileiro. Sua estreia como diretora e roteirista foi em 2003, com a comédia romântica “Il est plus facile pour un chameau…” inédita por aqui.

Agora, a própria Valeria encarna Marcelline, uma atriz em torno dos 40 anos que vê cada vez mais distante o seu sonho de ser mãe. Nem o pai ideal ela encontrou ainda, e o tal relógio biológico bate cada vez mais depressa. Bem sucedida na profissão, Marcelline passa a ser perseguida por visões da própria personagem que ela interpreta numa peça de teatro. Como contraponto, ela se reencontra com Nathalie (Noémy Lvovsky), uma antiga colega da escola de teatro, que trilhou exatamente o caminho inverso, priorizando a família em detrimento da carreira. Ambas parecem infelizes.

A partir deste confronto de personagens e personalidades, “Atrizes” tenta traçar um painel comportamental sobre a insolúvel questão Carreira versus Família. Mas não consegue. Sem ritmo para a comédia, nem profundidade para o drama, o filme se perde em diálogos vazios e pouca inspiração na criação de situações que causem interesse. Não decola. Dá a impressão que nunca começa. Além de se utilizar, outra vez, do desgastado recurso do ator assombrado pela própria personagem.
É difícil entender o Prêmio Especial do Júri que o filme ganhou na mostra “Um Certain Regard”, em Cannes.

No elenco masculino, duas presenças marcantes: Mathieu Almaric (“O Escafandro e a Borboleta” e Louis Garrel (“Os Sonhadores”). Totalmente coadjuvantes, nenhum deles consegue salvar o filme.