AUSTRALIANO “VISÕES DO PASSADO” É SUSPENSE ACIMA DA MÉDIA.  

Por Celso Sabadin.

Ator, comediante e roteirista, Michael Patroni obteve um certo destaque ao dirigir, em 2002,  o drama romântico “Mistérios do Passado”. Ganhou elogios e chegou até a ser indicado a prêmios, mas demorou 13 anos para que ele dirigisse seu segundo longa, “Visões do Passado”. Durante este hiato, roteirizou o terceiro episódio de “As Crônicas de Nárnia”, o suspense “Ritual”, e o drama “A Menina que Roubava Livros”, entre outros.  A boa notícia é que o filme é dos mais atrativos tanto para os fãs de terror, como para quem curte uma boa trama de investigação policial.

Produzido na Austrália, “Visões do Passado” é centrado em Peter Bower (Adrian Brody, de “O Pianista”, em ótima interpretação), um psiquiatra deprimido, traumatizado por uma tragédia familiar, e que não tem mais ânimo para atender seus pacientes. Até que um dia ele recebe a visita de uma misteriosa garotinha, que ele acredita ter vindo do mundo dos mortos. Consciente das armadilhas e dos meandros da mente humana, Peter passa a duvidar de sua própria sanidade mental, e procura a ajuda de um colega (Sam Neil), que terá surpreendentes revelações a lhe fazer.

“Visões do Passado” faz lembrar a época de ouro do cinema australiano, pelos idos dos anos 70 e 80, período em que o país criou uma série de políticas públicas e empresariais de apoio ao audiovisual, e gerou ótimas obras como “Coca Cola Kid”, Gallipoli”, “O Ano que Vivemos em Perigo”, e o hoje clássico “Mad Max”, entre várias outras. O ponto em comum entre estas produções era a capacidade de aliar o sucesso comercial ao conteúdo e à qualidade artística, posicionando-se num meio termo entre um blockbuster estadunidense e um filme de arte europeu. E “Visões do Passado” traz um pouco disso: Patroni se mostra hábil tanto na criação de um envolvente clima de suspense, como também na transição deste gênero para o terror, permitindo-se também circular com desenvoltura pelo mistério policial e pelo drama familiar. As minúcias do roteiro e a segurança da direção conseguem prender o espectador até a cena final, ainda que o filme não se furte a algumas concessões comerciais dos tempos atuais, que sempre pedem uma dose a mais de adrenalina e correria, ainda que dramaturgicamente inconsistentes.

O resultado final é bastante competente e eficiente no que se propõe, oferecendo um filme que, se não é genial, mostra-se um entretenimento de alto nível, bem melhor que a média do que tem sido feito ultimamente no gênero. Ou, no caso, nos gêneros.

A estreia no Brasil é nesta quinta, 17 de março.