“AZNAVOUR POR CHARLES”, QUANDO O DOCUMENTADO TAMBÉM É O DOCUMENTARISTA. 

Por Celso Sabadin.

Menos de um ano antes de morrer, o mundialmente famoso cantor romântico franco-armênio Charles Aznavour entregou ao cineasta Marc di Domenico uma pequena fortuna. Não uma fortuna em dinheiro, mas em material audiovisual: centenas de horas de imagens e sons captados pelo próprio cantor durante décadas, no decorrer de sua longa e bem-sucedida carreira musical (com algumas incursões também pelo mundo do cinema). Uma preciosidade para os fãs de Aznavour e de documentários.

A escolha de di Domenico para receber o presente não foi exatamente técnica. O cineasta – que só havia realizado até então um curta e o longa “Young Couples” – foi uma recomendação de Misha Aznavour, filho de Charles, e um dos atores da estreia de di Domenico. Felizmente, tudo deu certo: o cineasta mostrou-se hábil e eficiente em proporcionar ordem, ritmo, informação e emoção ao vasto material bruto que originou assim o documentário “Aznavour por Charles”, que estreia nesta quinta, 09/02.

E com um diferencial: trata-se de um caso interessante no qual praticamente todas as imagens do filme foram feitas pessoalmente pelo próprio biografado. O que, no caso de Charles Aznavour, significa um registro de mais de meio século de viagens por quase todos os continentes.  Ou seja, não é necessário ser fã de Charles Aznavour para curtir um filme que extrapola o próprio objeto documentado e se espalha pelas cenas musical, cinematográfica, geográfica e social do planeta. Um belo trabalho de resgate que não apenas homenageia o astro/cantor para sua enorme legião de fãs, como também o apresenta para as novas gerações.