BELÍSSIMO “O ÚLTIMO TANGO” REGISTRA MEIO SÉCULO DE PAIXÕES.

Por Celso Sabadin.

Não sou um grande fã de dança. E fiquei absolutamente encantado com o trabalho de direção de Wim Wenders no documentário “Pina”. Se ele fez o que fez num filme cujo tema não me é próximo, fiquei imaginando o que ele faria – desta vez não como diretor, mas como produtor – em outro documentário correlato, “O Último Tango”. Pois de tango eu gosto. E muito. Não deu outra: saí da projeção fascinado.

“U Último Tango” relata a trajetória de dois dos mais famosos dançarinos da história deste ritmo-símbolo da alma argentina: María Nieves Rego e Juan Carlos Copes. A questão não é “somente” – repare as aspas – contar esta bela história, mas antes e principalmente a inventividade da forma como ela vem à tela.  Temos aqui um registro humano e espontâneo dos dois protagonistas que, de coração aberto (ela mais, ele menos), expõem suas lembranças não a um entrevistador ou ao diretor do filme (o alemão Germano Kral), mas a toda equipe de produção. O documentário registra com intimidade amplas conversas que Maria e Juan – sempre separadamente – travam com diversos membros que participam das filmagens, com destaque para o elenco que representará a ambos nas belas reconstituições dramático-musicais que permearão com cores ficcionais os caminhos dos depoimentos documentais.

O resultado carrega consigo a dimensão passional do próprio tango em si que, claro,  jorra na tela aos borbotões, para a alegria dos fãs. Eu incluído. São histórias de amores, mágoas, traições, paixões, fidelidades e infidelidades que costuram uma carreira de quase meio século dedicado à música e à dança.

Coproduzido por Argentina e Alemanha, “O Último Tango” esteve na seleção oficial do Festival de Toronto, e ganhou prêmio de público como Melhor Documentário no Festival de Washington. Uma belíssima viagem romântico-dramático-musical que estreou em 6 de outubro e continua em cartaz.