BELO E SENSÍVEL, “DESTINOS LIGADOS” ABORDA TEMA DIFÍCIL SEM PIEGUICE.

Três histórias – aparentemente – paralelas. Karen (Annette Bening) vive solitariamente com sua mãe e carrega consigo o incurável remorso de ter doado sua filha para adoção, décadas atrás. Não muito longe dali, Elizabeth (Naomi Watts) é uma advogada inteligente e bem-sucedida, mas totalmente amarga e mal resolvida no campo sentimental. E Lucy (Kerry Washington) é uma mulher casada que não consegue engravidar e resolve recorrer à adoção para ter a família que tanto deseja.

De alguma maneira os destinos destas três mulheres se entrelaçarão, permeados por um tema em comum: filhos. Adotados ou não. Queridos ou não. Esperados ou não. Desejados ou não. Talvez até mais envolvente que o conteúdo das tramas de “Destinos Ligados” seja a maneira sensível, elegante e cinematograficamente emotiva com a qual a narrativa é realizada pelo diretor e roteirista Rodrigo García (filho do escritor Gabriel García Marquez), que já havia demonstrado semelhante delicadeza e talento com “Coisas que Você Pode Dizer Só de Olhar para Ela”, de 1999.

As cenas fluem com leveza. A força das imagens predomina sobre as palavras. A trilha, pouca e bem colocada, respeita igualmente as imagens, não briga com elas nem com os ouvidos do espectador. Aos poucos, vai-se criando uma forte empatia entre o público e cada um daqueles personagens que lenta, mas decididamente, vão conquistando os corações e mentes da plateia. Graças às ferramentas da linguagem cinematográficas, que García domina com maestria, o não envolvimento é quase impossível.

Não por acaso, o produtor de “Destinos Ligados” é o mexicano Alejandro Iñárritu, ele próprio um dos mestres modernos deste estilo “várias histórias que se cruzam”, também conhecido como “A la Robert Altman”. É ele o diretor dos episódicos “Amores Brutos”, “21 Gramas” e “Babel”.

Coproduzido por EUA e Espanha, “Destinos Ligados” é repleto de uma sensibilidade terna e poética que trata de um tema difícil, sem cair na peguice fácil.