Bens Confiscados

Carlos Reichenbach é um dos cineastas mais queridos da crítica paulistana. E não sem razões. Carismático, inteligente, pesquisador, batalhador, prolífico, criador de filmes importantes da nossa cinematografia, idealista, enfim, uma unanimidade. Infelizmente, porém, Carlos Reichenbach também é humano. Logo, erra. E a confirmação disso pode ser vista em Bens Confiscados.
O roteiro (de autoria do próprio Carlão, em parceria com Daniel Chaia) mostra um poderoso senador desmascarado publicamente por corrupção, que na iminência de perder os direitos políticos e ter seus bens confiscados, seqüestra seu próprio filho para escondê-lo da mídia. O político corrupto (com o perdão da redundância) convence uma antiga amante (Betty Faria) a cuidar do rapaz, o que acaba desencadeando uma conflituosa e afetiva relação entre ela e o seqüestrado.
Irregular, o filme erra no tom. Por um lado, é sensível ao construir de forma lenta e segura a relação de atração e afeto entre os dois personagens principais. Por outro, desanda para a comédia escrachada nas cenas que envolvem o senador e a ex-esposa que o denuncia. Uma fortíssima disparidade de estilos que causa estranheza convivendo no mesmo filme. Mas talvez o pecado maior esteja na perda de rumo do roteiro, quando o foco da ação é mudado para uma perfeitamente dispensável convenção de pedagogas que não diz a que veio, e que prejudica o bom andamento da história.
Bens Confiscados marca a estréia da atriz Betty Faria como produtora de cinema.