BOA DIREÇÃO DE GREENGRASS NÃO SALVA O FRACO “ZONA VERDE”.

Miller (Matt Damon) é um sub-tenente do exército americano que faz parte da equipe de soldados que tenta encontrar as famosas “armas de destruição em massa” que Saddam Hussein teria escondido no Iraque. As mesmas que Bush usou como pretexto para invadir o país e dar início à Guerra. Logo, porém, Miller começa a desconfiar de uma suposta falha no serviço de inteligência dos EUA, que estaria fornecendo aos militares pistas falsas de onde as armas estariam. Por conta própria e praticamente sozinho, ele começa a investigar o caso.

Passados sete anos da invasão dos EUA contra o Iraque, hoje pode parecer até um pouco infantil uma investigação sobre as tais armas de destruição em massa, que todos já sabemos que não existiam, e que foi apenas uma das gigantescas mentiras que Bush pregou no mundo e na ONU para justificar sua ganância pelo petróleo iraquiano. Neste sentido, o filme “Zona Verde” perde parte de sua força.

Pode funcionar, porém, como thriller de ação, independente de seu aspecto político que já nasce envelhecido. Ou seja, mesmo sem causar nenhum tipo de surpresa, o roteiro de Brian Helgeland (o mesmo roteirista de “Sobre Meninos e Lobos”), escrito a partir do livro “Imperial Life in the Emerald City: Inside Iraq’s Green Zone”, de Rajiv Chandrasekaran, tem a direção sempre competente de Paul Greengrass, o mesmo dos dois últimos episódios da trilogia Bourne (também com Matt Damon).

Percebe-se claramente no filme o estilo ansioso de Greengrass. Com sua câmera na mão, enquadramentos claustrofóbicos, música alta e retumbante, e movimentos nervosos, ele é capaz de injetar boas doses de adrenalina na plateia mesmo se estivesse filmando Sertãozinho contra Atlético de Araçatuba. Porém, tanta agitação estética, sem o devido acompanhamento de um bom conteúdo ou mesmo de uma boa dose de suspense, acaba se tornando cansativa e redundante.

Mesmo com boas cenas de ação, direção de arte das mais convincentes (com locações em Marrocos), e ritmo incessante, “Zona Verde” não conquistou o público norte-americano, provavelmente cansado (ou envergonhado?) dos desmandos ocorridos na extinta era Bush: o seu faturamento nas bilheterias mal ultrapassou 1/3 do custo total de produção estimado de U$$ 100 milhões.

Confira o trailer: