“BOAS INTENÇÕES” RIDICULARIZA PERSONAGEM BRASILEIRO COM CAMISA DA CBF.

Por Celso Sabadin.
 
Não é só de drama que vive o tema dos refugiados: a situação – importante e urgente – também pode render uma comédia, conforme propõe o roteiro escrito a quatro mãos pela estreante Léonore Confino e Gilles Legrand, que também dirige este “Boas Intenções”.
 
Isabelle (Agnès Jaoui) é uma ativista mergulhada até o pescoço em causas sociais. Lecionar francês para refugiados e imigrantes é uma entre as suas várias atividades humanitárias. Sempre desesperada correndo atrás de um tempo que ela nunca encontra, Isabelle vai perceber, talvez da pior forma possível, duas duras realidades: primeiro, que a alfabetização talvez não seja exatamente a prioridade dos refugiados. E, segundo, que todo o seu empenho pela comunidade pode estar comprometendo o equilíbrio de seu próprio lar… se é que este equilíbrio existe.
Ainda que fraco, o trocadilho aqui torna-se inevitável: o filme é cheio de boas intenções. Mas derrapa entre o humor e a crítica social, não desenvolvendo satisfatoriamente nenhum dos caminhos que abre.
 
Para o público nacional sobra ainda um triste registro: o personagem brasileiro Thiago (vivido pelo português Nuno Roque), na contramão dos historicamente descolados e divertidos personagens brasileiros retratados pelo cinema mundial, aqui é um sujeito patético, de baixíssima percepção da realidade que o rodeia, meio panacão e invariavelmente vestindo a camisa da seleção brasileira. Sem dúvida já um reflexo da nova imagem do Brasil no exterior que vem sendo construída pelo atual governo.