“BOSCO”, O PORTAL DA SOLIDÃO.

Por Celso Sabadin.

São apenas 123 casas. E 13 habitantes. Assim é o minúsculo vilarejo de Bosco, encravado em algum lugar nas montanhas da Itália, que mesmo dentro de suas microscópicas proporções – ou talvez exatamente por causa disso – é retratado em um belo e curioso documentário participante da Mostra Competitiva do 31º CineCeará.

O fio condutor do longa é Orlando Menoni, ali nascido há mais de um século, e que há décadas imigrou para o Uruguai. Sua neta, Alicia Cano Menoni, constrói então, através do documentário, uma ponte histórico-afetiva entre Bosco e Montevideo. Durante 13 anos ela captou imagens, depoimentos, sons, e sentimentos que compõem este painel sensorial de lembranças esparsas.

O filme é como seu personagem: parte italiano, parte uruguaio. Traz belíssimas imagens, flerta com a linguagem poética, e é inevitavelmente triste ao – também de forma inevitável – tratar das várias facetas da morte. Tanto a pessoal, dos pouquíssimos remanescente do lugar, como a do próprio vilarejo, que tende ao desaparecimento, diante de uma contemporaneidade que descarta o contemplativo e exige produção e praticidade. Por vezes, o filme exagera no açúcar da trilha musical, mas permanece a doçura dos personagens enfocados.

“Bosco” é um dos destaques da programação do 31º CineCeará, em cartaz presencial e virtualmente até o próximo 3 de dezembro. Saiba mais em https://www.cineceara.com