BRASÍLIA 2016: DIREÇÃO COMPETENTE E ROTEIRO RASO MARCAM “A CIDADE ONDE ENVELHEÇO”.  

Por Celso Sabadin, de Brasília.

Existe um tipo de cinema, muito identificado com a produção europeia, que popularmente é chamado de “filme que não acontece nada”. Geralmente são retratos existenciais de personagens introspectivos desenvolvidos em narrativas que caminham na contramão da agitação vazia do cinema comercial norte-americano. São filmes onde o que se sugere fala mais alto do que se mostra.

A coprodução lusobrasileira “A Cidade Onde Envelheço” é um destes filmes. Mas com um porém: ele abusa do direito de “não acontecer nada”.

Tudo gira em torno de duas jovens portuguesas que dividem um apartamento em Belo Horizonte: Francisca, estabelecida há mais tempo no Brasil, e Teresa, que acaba de chegar para tentar a vida por aqui. Muito amigas em épocas passadas, em Lisboa, ambas tentam se adaptar à difícil realidade da convivência fora de casa, dentro de um clima que alterna tensões e afetos. Mas o roteiro de João Dumans, Marilia Rocha e Thais Fujinaga acaba patinando, não alcançando um desenvolvimento satisfatório a ponto de segurar a atenção em seus 99 minutos de projeção.

Mesmo com este tênue fiapo de história, a direção de

Marília Rocha se mostra envolvente e segura. “A Cidade Onde Envelheço” é o primeiro longa ficcional da diretora, após seus premiados documentários “Aboio” e  “A Falta que me Faz”. O filme já tem distribuição para o mercado brasileiro, o que só deve acontecer em 2017.

 

Celso Sabadin viajou a Brasília a convite da organização do Festival.