CABE EM NOSSO CIRCUITO MAIS UM DOCUMENTÁRIO SOBRE PÁRA-QUEDISTAS?

Em menos de um ano, dois documentários brasileiros foram produzidos e exibidos enfocando o mesmo tema: “PQD”, de Guilherme Coelho, e agora “Brigada Pára-Quedista”, de Evaldo Mocarzel. Ambos sobre a ação da Brigada de Infantaria Pára-Quedista, uma espécie de “tropa de elite do ar” do Exército Brasileiro, instalada na Vila Militar em Deodoro, zona norte do Rio de Janeiro. Enquanto o filme de Coelho prefere enfocar o indivíduo, o rapaz de classe pobre que vê na Brigada uma forma de inserção social, o documentário de Mocarzel vira suas lentes para a corporação em si. De qualquer forma, dois filmes tão próximos soam a uma supervalorização (saturação?) do tema.

“Brigada Pára-Quedista” começa de forma convencional, documentando o treinamento, o embarque e o primeiro salto de uma turma de soldados que optaram pelo pára-quedismo. São belas imagens com uma temática que nos remete àqueles comerciais de TV que visam incentivar o jovem brasileiro ao alistamento militar. Mais tarde, o cineasta abre uma nova vertente em seu filme, colocando frente a frente os militares brasileiros com produções cinematográficas internacionais sobre guerras. Entre elas, “Appocalypse Now”, “A Grande Ilusão” e “O Resgate do Soldado Ryan”. A câmera abre para as opiniões dos pára-quedistas sobre estes e outros filmes, o que confronta diretamente a magia da ficção com o a realidade do documentário. Uma idéia interessante, mas que fica solta dentro do contexto do filme.

Na parte final, porém, a maionese desanda. Em tom de tristeza e “de coração aberto”, como diz o próprio depoente, o comandante da Brigada lamenta diante das lentes de Mocarzel o fato da sociedade brasileira ainda nutrir tantas mágoas contra o Exército e contra os militares, por causa de fatos acontecidos “há tanto tempo”, diz ele. Pois é, comandante, a mágoa existe, o tempo não apaga atrocidades, e há crimes que jamais prescrevem. Ou não deveriam prescrever. Sorte do Exército vivermos num país tão condescendente com seus criminosos.