CÉSAR DE MELHOR FILME DE 2013, “EU, MAMÃE E OS MENINOS” ALTERNA MOMENTOS FRACOS E ÓTIMOS.

A primeira cena de “Eu, Mamãe e os Meninos” mostra um ator, nos bastidores de um teatro, tirando a maquiagem. Obviamente para sair de cena, é o que pensamos. Mas não: Guillaume Gallienne acaba de limpar todo seu rosto exatamente para fazer o contrário: entrar no palco e interpretar uma peça. Este rápido e inicial momento, que geralmente tendemos a esquecer durante a projeção, será a chave para a compreensão final do personagem. E tem gente que não vê problema em perder os minutinhos iniciais de um filme…

Escrito, dirigido e interpretado (com dois papéis) por Guillaume Gallienne (que também está no filme “Yves Saint Laurent”), “Eu, Mamãe e os Meninos” é uma comédia dramática sobre um jovem, filho de uma mãe egocêntrica, às voltas com a descoberta de sua sexualidade. Boa parte do filme é de estranhamento: nada parece justificar, a princípio, que ele tenha sido indicado a 10 prêmios César, o mais importante do cinema francês e que, principalmente, tenha ganho 5 deles, incluindo o principal de Melhor Filme. O tema soava batido, repetitivo, e nem roteiro tampouco a direção apresentavam algo de mais entusiasmante. Sim, havia bons momentos, alguns diálogos afiados, mas o ritmo era bastante irregular.

Porém, da metade para o final o filme melhora, ganha mais agilidade de comédia e um nível mais interessante de aprofundamento no tema a que se propõe. Não é tarde. Relevando-se os tempos mortos e valorizando-se a inteligente virada final, “Eu, Mamãe e os Meninos” acaba se transformando numa simpática e emotiva produção franco-belga. Ainda que o César de Melhor Filme do ano ainda me pareça exagerado.