CHINA BUSCA MERCADO INTERNACIONAL COM “O CICLO DA VIDA”.

Por Celso Sabadin

Parece não ter mais jeito: a China, que em épocas passadas já proporcionou aos cinéfilos alguns dos mais belos filmes do mundo, definitivamente parece que agora está decidida apenas a ganhar dinheiro. Pelo menos é esta a conclusão que se tira do filme “O Ciclo da Vida”, longa que utiliza as fórmulas idênticas aos mais desgastados padrões do cinema ocidental.

É o tipo de filme que já vimos antes. E várias vezes.

Tudo se passa numa casa de repouso de idosos comandada por uma enfermeira mão-de-ferro. Os simpáticos velhinhos e velhinhas, porém, não se rendem à velhice, e montam pequenos espetáculos para se entreter. E mais: desejam participar de um show de variedades na TV com os esquetes que encenam no asilo. Para o desespero da enfermeira, claro.

A partir daí se discute envelhecimento, morte, abandono, relações com os filhos, um pouco de tudo, dentro de uma narrativa claramente equacionada para conquistar mercados internacionais e arrancar lágrimas do público. Não há espaço para a tão bem-vinda sutileza oriental, e tudo é clara, farta e diretamente arremessado na tela, bem ao estilo mercadológico ocidental, recheado de clichês. Lançado em 2012 no exterior, o filme tem bom potencial para funcionar bem nas bilheterias daqui.

Chega a ser surpreendente a informação que “O Ciclo da Vida” é escrito e dirigido por Zhang Yang, o mesmo do excelente “Banhos”.

“O Ciclo da Vida” venceu o prêmio de melhor filme asiático no Festival de Tóquio.