CLICHÊS DE ROTEIRO E BOA DIREÇÃO MARCAM “NOVEMBER MAN”.

É tudo muito bem produzido e muito bem dirigido. Um prato cheio para os fãs de filmes de ação e espionagem. Isto é… se você relevar o roteiro, uma colcha de retalhos com os mais manjados clichês do gênero. De charmosas e luxuosas locações a belas agentes, de intrigas internacionais a traições inesperadas, de tráfico de mulheres da Europa Oriental às inevitáveis perseguições de automóveis, tudo está lá. Dá a impressão que Bill Granger (autor do livro “There Are No Spies”, que originou o roteiro), colocou num liquidificador todos os filmes de James Bond para escrever sua obra. Não por acaso, o protagonista é vivido por Pierce Brosnan, um ex-Bond, ex-James Bond.

A boa notícia é que todo este coquetel molotov é dirigido pelo veterano Roger Donaldson (o mesmo de Sem Saída e Treze Dias que Abalaram o Mundo) que, apoiado numa caprichada produção e nas belas locações realizadas na Sérvia e em Montenegro, sabiamente optou por um ritmo de ação incessante e frenético. Talvez para que o espectador não tenha tempo de pensar nos rombos do roteiro.
Por exemplo: há um mega blaster tiroteio num hotel de luxo, e simplesmente ninguém percebe, ninguém escuta. Funcionários e hóspedes continuam trabalhando e agindo normalmente enquanto o pau come no andar de cima.

Tem mais: numa movimentada estação de trem, vemos a mocinha usando um computador da área comum. Ela reconhece a assassina que está ao seu encalço. Foge correndo, se envolve numa briga violenta com sua algoz, até que consegue matá-la. Tudo isso sob debaixo dos narizes de centenas de pessoas. Depois disso, volta para o seu computador e continua fazendo o que estava fazendo, como se nada tivesse acontecido. A estação inteira também volta à sua vida normal.

Mas, enfim, é apenas mais um filme de ação e espionagem internacional. Vale como entretenimento, se nada for levado a sério.