COM “O IMPOSSÍVEL”, O CINEMA ESPANHOL SURPREENDE OUTRA VEZ.

Para muitos, o tsunami de 26 de dezembro de 2004, com seu quase meio milhão de mortos, foi uma prévia do fim do mundo. Uma catástrofe gigantesca, que chegou sem o menor aviso, ceifando indiscriminadamente as vidas de homens, mulheres e crianças, das mais variadas nacionalidades, crenças e culturas.
Uma hecatombe impossível de ser prevista.

Como contar o drama de centenas de milhares de pessoas seria cinematograficamente impraticável, o roteirista Sérgio G. Sánchez e o diretor Juan Antonio Bayona (a mesma dupla de “O Orfanato”) fixaram-se na trajetória de uma família – casal e três filhos – que passou pela tragédia. Uma família real que viveu momentos inacreditavelmente reais que justificam o título do filme.

Após uma breve introdução, “O Impossível” vai direto ao ponto: o tsunami destruidor. Com menos efeitos especiais e mais água de verdade, o que aumenta incrivelmente o impacto das cenas. E inicia rapidamente este impressionante relato de dores e sofrimentos que parecem, aos olhos do simples mortal sentado na poltrona do cinema, descomunal demais para ser suportado pela fragilidade humana. Que dirá, então, quem lá esteve de fato. Linear e de narrativa clássica, o filme manipula os clichês de maneira competente. Sem exageros estilísticos além dos convencionais, como que assumindo que os fatos por si só já são suficientemente dramáticos para serem ainda mais dramatizados. Assim, acerta na medida.

Ainda que totalmente produzido pela Espanha, “O Impossível” opta pela linguagem internacional e comercial do cinema norte-americano, certamente à procura de mercado externo. Atua com astros internacionais (Naomi Watts e Ewan McGregor) e universaliza sua estética. Funcionou: faturou 40 milhões de euros só na Espanha (dos 30 milhões que custou), ainda sem somar ainda as bilheterias internacionais.

Como sempre, o cinema espanhol surpreende mais uma vez.