“COMO TREINAR O SEU DRAGÃO” É DIVERSÃO GARANTIDA.

Seria uma pequena maldade dizer que o novo desenho animado da DreamWorks é tão bom que parece da Pixar. Maldade, porém verdade. “Como Treinar o seu Dragão”, a mais recente animação do estúdio que criou “Shrek”, traz de volta um padrão de qualidade que andava meio esquecido nos últimos trabalhos da DreamWorks. Não necessariamente pela trama – que retoma o velho tema do “peixe fora d´água” – mas sim pela direção, pela construção dos personagens e pela precisão do traço.

O “peixe fora d´água” em questão é Soluço, um jovem viking que mora numa aldeia onde seus conterrâneos são exímios caçadores de dragões. E nem poderia ser diferente, pois, neste caso, matar os monstros cuspidores de fogo é necessidade vital do lugar, já que os dragões são predadores das ovelhas que garantem o sustento da vila. Soluço, porém, não leva o mínimo jeito para a coisa, e vai subverter os caminhos da tradição,

Sim, este tema básico – do protagonista que deseja ser diferentes dos demais, sofre preconceitos por isso, e acaba se transformando em herói justamente porque ousou seguir por caminhos que não lhe estavam previamente determinados – tem sido a base de vários desenhos animados recentes, como “Rattatouille”, “Vida de Inseto”, “Espanta Tubarões, “Kung Fu Panda” e muitos outros. Sem problemas. Vamos dizer que seja um tema… “clássico”.

O que diferencia “Como Treinar seu Dragão” é a forma através da qual a velha história é (re)contada. Os diretores Dean DeBlois e Chris Sanders conseguem criar uma galeria de personagens repletos de humanidade, que equilibram heroísmo e bom humor em doses precisas, obtendo assim uma forte dose de empatia com o público. Principalmente o protagonista, Soluço.

Os bons diálogos, o ritmo da aventura e a qualidade da animação também são pontos fortes do desenho. As cenas de lutas e batalhas são preciosas e cativantes, desembocando num final empolgante digno dos grandes clássicos da antiga Era Disney.

Tudo bem que a relação de Soluço com o dragão Banguela, escondido no meio da mata, lembra bastante o antigo clássico “Robô Gigante”, mas no cinema também pouco se cria, pouco se perde, tudo se referencia. Vale a releitura para as novas gerações.

E falando em dragão Bangela, qualquer semelhança dele com o personagem Stitch não é mera coincidência: os diretores DeBlois e Sanders são os mesmos de “Lilo & Stitch”.