CONCORRENTE DE ‘O MENINO E O MUNDO’, ‘ANOMALISA’ FAZ EXPERIMENTALISMO COM TALENTO.

Por Celso Sabadin.

Quem já viu “Quero Ser John Malkovich”, “Adaptação” e “Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças“ já sabe muito bem que Charlie Kaufman, quando roteiriza um filme, está longe, muito longe de realizar um trabalho convencional. Quando ele roteiriza e também dirige,  caso de “Sinédoque, Nova York” e, agora, de “Anomalisa”, sua inventividade se potencializa, para a alegria de quem procura um cinema diferenciado, e para o desespero de quem prefere “entender” um filme a senti-lo.

Intrincado, existencialista, cifrado, até surreal, Kaufman dá agora mais um passo à frente na sua já ousada tendência de experimentação ao fazer de “Anomalisa” um longa metragem totalmente produzido em animação. Uma animação adulta, claro.

A trama fala de Michael Stone (voz de David Thewlis), um homem deprimido que viaja a  Cincinatti para proferir uma palestra. Na única noite que ficará na cidade, o protagonista sai em busca – pelo menos um pouco – de algum sentido para sua monótona vida, quer entrando em contato com um antigo amor, quer buscando um novo. Mas… como se trata de um filme de Charlie Kaufman, obviamente esta sinopse aí em cima diz pouco, bem pouco de um filme repleto de nuances, códigos, e das várias máscaras que usamos para nos esconder de nosso dia-a-dia.

Financiado por crowdfunding (aquele sistema que o produtor levanta dinheiro amealhando sócios para o filme na internet), “Anomalisa” certamente não é o tipo de filme destinado para o grande mercado. Já no quesito premiações, o trabalho de Kufman vem colecionando troféus, sendo o mais representativo deles até o momento o Grande Prêmio do Júri no Festival de Veneza. O filme também está indicado ao Oscar de melhor longa de animação, concorrendo diretamente com o brasileiro “O Menino e o Mundo”.