COSTA-GAVRAS EM PLENA FORMA EM “O CAPITAL”.

Aos 80 anos de idade, o cineasta Constantin Costa-Gavras continua sendo um ícone de inconformismo e denúncia, além de manter afiadíssimos o fôlego e a vitalidade de seu sempre bem-vindo cinema político.

Realizador de grandes clássicos do gênero – como Z, Desaparecido, Amen e Estado de Sítio – Gavras agora vira suas lentes giratórias contra aquele que é provavelmente o maior entre todos os males dos últimos séculos: a ganância sem limites provocada pelo Capitalismo.

Baseado no romance homônimo do francês Stéphane Osmont, “O Capital” fala de Marc (Gad Elmaleh), um jovem executivo que é levado à presidência de um grande banco francês (ironicamente batizado de Phoenix, o pássaro que ressurge das cinzas) para servir de testa de ferro para as vontades de seu Comitê Executivo. Porém, ao chegar no cargo, Marc tem planos mais ambiciosos para si mesmo, e se recusa a fazer o jogo combinado. Tem início uma escalada de traições e negociatas onde o poder por si só é a única meta a ser atingida, e o único Deus a ser servido. Sem moral, nem ética, nem escrúpulos.

“O Capital” mostra que Gavras continua sendo um grande contador de histórias eletrizantes. Desenvolve seus personagens com precisão, domina o ritmo da narrativa e prende o espectador na poltrona, sem deixar cair a peteca da mensagem – sempre política – que permeia toda sua obra. E melhor: faz tudo isso sem precisar recorrer a nenhum tipo de panfletarismo raso.

No elenco, destaque também para Gabriel Byrne.