“DE PALMA” CAI NA ARMADILHA DO “FALA UM POUQUINHO”.

Por Celso Sabadin.

Uma das pragas do nosso atual jornalismo é o famigerado “fala um pouquinho”. Toda uma nova geração de repórteres desaprendeu como fazer perguntas, como montar uma boa pauta, e simplesmente pede ao seu entrevistado que ele “fale um pouquinho” sobre determinado assunto.

O documentário “De Palma” vai por aí: o famoso diretor de obras inesquecíveis como “Carrie, a Estranha” e “Os Intocáveis” passa o filme todo “falando um pouquinho” sobre seus filmes. Todos eles, em ordem cronológica. Desde o início amador (onde há ótimas cenas com um jovencíssimo Robert De Niro), passando por seus grandes momentos, e sem esconder os fracassos. Tudo, porém, muito superficial. Mesmo porque só De Palma fala. Não há nenhum contraponto, nenhum outro testemunhal de quem quer que seja, nenhum atrativo adicional. Fica parecendo um enorme extra de DVD.

Muito pouco para quem teve (ou ainda tem) uma carreira instigante e se diz seguidor de Hitchcock. “De Palma” é apenas “um pouquinho” documentário.  A estreia é nesta quinta, 24/11.