DELICIOSOS TEMPEROS ROMÂNTICOS FAZEM A BELEZA DE “LUNCHBOX”.

Totalmente rodado na caótica cidade indiana de Mumbai (antigamente chamava Bombaim, mas tudo bem), “The Lunchbox” é um drama romântico que mostra que “o trem errado muitas vezes pode levar ao lugar certo”, para usar a analogia que o próprio roteiro lança mão. Fernandes (Irrfan Khan, de “A História de Pi”) é um funcionário público prestes a se aposentar. Metódico, um dia ele tem sua infinita rotina quebrada por um prosaico problema de logística: a marmita do seu almoço, que lhe é entregue religiosamente a uma hora da tarde por um restaurante local, vem trocada, fazendo com que ele experimente novos sabores e novos temperos em sua vida. Na outra ponta deste engano está a bela Ila (Nimrat Kaur), uma mulher infeliz no casamento.

A partir desta simples troca de marmitas, tem início a história destes dois personagens que sofrem de extrema solidão, mesmo vivendo numa das cidades mais populosas do planeta. O tempero – ícone dos mais representativos na cultura indiana – entra na trama como analogia da própria alegria de viver. Uma alegria contestada pelo protagonista, que, ao saber da história de um homem que se encontra há 15 anos em coma, acredita ser melhor para ele continuar em sua letargia, ao invés de viver num lugar onde não é mais possível comprar sequer um lugar deitado no cemitério (segundo o filme, a população é tamanha que atualmente os mortos são enterrados em pé).
Ironias, humores, decepções e esperanças compõem o belo painel de sentimentos desta coprodução multinacional (Índia, França, Alemanha e Estados Unidos) que reúne excelentes interpretações e que tem tudo para agradar tanto o grande público como as plateias que preferem um cinema diferenciado.